Salve, Maria Bonita, Maria de Lampião!
Salve Maria Bonita/Maria do lampião/Maria do Capitão/Companheira tão fiel/Do famoso Capitão
Por Dalinha Catunda
Salve Maria Bonita
Maria do capitão.
Mulher forte destemida
Que viveu sua paixão
Nos braços d’um cangaceiro
Que não tinha paradeiro
Mas roubou seu coração
Salve Maria Bonita
Que pegou sua estrada
Seguindo seu coração
Apenas ele e mais nada.
Os passos de Virgulino
Era mesmo seu destino
Estava determinada.
Salve Maria Bonita
E salve sua decisão.
Preferiu correr perigo
Preferiu viver paixão
Fugiu da vida pacata
Por não querer ser ingrata
E magoar seu coração.
Salve Maria Bonita
Maria do lampião
Companheira tão fiel
Do famoso Capitão.
Ao lado de seu amante
Levando vida errante
Fez história no sertão.
Salve Maria bonita
Que na história ficou.
Dou vivas ao centenário
Da mulher que se rebelou
Para viver sua opção
Sem ligar para o padrão
Que a sociedade ditou.
Biografia de Maria Bonita – Companheira de Lampião
Com 15 anos foi obrigada a se casar com o sapateiro José Miguel da Silva, mas as brigas eram constantes e o casamento não deu certo. Depois de cada briga, Maria Bonita buscava abrigo na casa dos pais. Em 1928 resolveu se separar do marido – numa época em que a separação era algo inaceitável.
Em 1929, morando na casa dos pais, conheceu Lampião, que em suas andanças passava com seu bando pelas fazendas da região. A atração foi recíproca. Baixinha, com olhos e cabelos castanhos, era uma mulher bonita e determinada, o que chamou a atenção do cangaceiro.
A vida no cangaço
Em meados de 1930, Maria bonita passou a fazer parte do bando de Lampião – foi a primeira mulher a ingressar no cangaço. A partir daí, mais de 30 mulheres participaram da vida do bando. A Bahia foi o Estado que forneceu o maior número de moças ao banditismo do Sertão nordestino, seguida por Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
As mulheres que aderiam ao cangaço tinham que se adaptar à nova vida, sem chance para arrependimento. Levavam uma vida de nômade, muitas vezes mal alimentadas, tendo que caminhar quilômetros sob o sol e a chuva, além de enfrentar os combates violentos contra as forças policiais. Nos jornais da época, as mulheres eram chamadas de bandoleiras, megeras e amantes. Muitas eram estereotipadas como masculinizadas, mas as fotos de Maria Bonita mostram seu cuidado com o traje, o cabelo e a postura.
Os papéis sociais no cangaço eram bem definidos: ao homem cabia zelar pela segurança e sustento dos bandos. À mulher, ser esposa e companheira. Durante a gestação elas ficavam escondidas. Depois do nascimento do bebê, eram obrigadas a entregar a criança a amigos e retornar ao cangaço. Maria Bonita teve três filhos durante esse período.
Morte
As ações de Maria Bonita, Lampião e seu bando duraram até 1938, foram oito anos convivendo juntos e praticando o banditismo social, até que o comerciante Pedro Cândido revelou à polícia, depois de ser torturado, o esconderijo de Lampião.
Agindo de surpresa, uma tropa da polícia desbaratou o bando encontrado na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. Onze deles não conseguiram escapar, entre eles, Lampião e Maria Bonita, que foram mortos e decapitados. As cabeças das vítimas foram mumificadas e ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues, na Bahia, até serem enterradas em 1968.
Maria Bonita morreu na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe, no dia 28 de julho de 1938. Em 1982 a TV Globo produziu a série “Lampião e Maria Bonita”, quando foram protagonizados por Nelson Xavier e Tânia Alves.
Biografia de Maria Bonita: EBiografia
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Maria Bonita nasceu no dia 17 de Janeiro de 1910 em Malhada da Caiçara, no atual município de Paulo Afonso, na Bahia. Era filha de José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição de Oliveira.
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“Bem no meio da Caantiga
E não falo do “fedô”!
Pois entendam que esse nome
(Seu menino, seu “dotô”)
é dado à vegetação
que cresce lá no Sertão
onde a história se “passô”
*
E foi em Serra Talhada
Num canto desse Sertão
Que nasceu um cangaceiro
O seu nome: Lampião
Para uns muito malvado
Para outros um irmão
*
Ele era muito brabo
Tinha muita atitude
Alguns dizem, hoje em dia
Que ele era o Robin Hood
Roubava do povo rico
Dava a quem só tinha um tico
De dinheiro e de saúde
*
Ou talvez fosse um pirata
Mas não navegava não
Ele tinha um olho só
Também era Capitão
Comandava o seu bando
Com muita satisfação
*
O cabra era tão raivoso
Que se um pedacinho entrava
De comida entre os dentes
E muito lhe incomodava
Ele pegava um facão
E fazia uma extração
Que nem o dente sobrava!
*
E esse homem tão temido
Também tinha sentimento!
Um dia se apaixonou
E pediu em casamento
A tal Maria Bonita
Que lhe deu consentimento
*
Ela também era braba
E andava no seu bando
Demonstrou que a mulher
Também tem força lutando
e seguiu o seu marido
mundo afora, caminhando
*
Entre uma batalha e outra
Lampião se divertia
Gostava duma sanfona
E dançava com Maria
Seu bando fazia festa
Até o raiar do dia
*
Ele dançava forró
Xaxado e também baião
Gostava era das cantigas
Das noites de São João
*
Numa noite de Luar
Bem cansado de fugir
Da polícia que jamais
Cansou de lhe perseguir
Lampião olhou pro céu
Cantou antes de dormir:
*
“Olha pro céu meu amor
Vê como ele está lindo
olha praquele balão multicor
que lá no céu vai sumindo.”***
*
E assim adormeceu
Junto da sua Maria
A polícia os encontrou
Logo cedo no outro dia
*
Foi cantando uma cantiga
Sobre o céu do seu rincão
Que se despediu da vida
O temido Lampião
Que faz parte da história
e hoje vive na memória
de quem é da região
*
E é cantando esta canção
que eu encerro a poesia
de uma história que falou
de tristeza e alegria
vamos continuar no xote
me despeço com o mote:
Adeus, até outro dia!”
Um Cordel escrito com leveza, para iniciar a história de Lampião e Maria Bonita para a garotada! Optei por misturar estrofes em quadras, sextilhas e setilhas, pra ficar mais diverso, e no texto ainda deixo no ar um convite pra todo mundo cair na dança, que já já é São João!
***Trecho da música “Olha Pro Céu”, de Luiz Gonzaga e José Fernandes








