Salve, Maria Bonita, Maria do Capitão!
Por Dalinha Catunda
Salve Maria Bonita
Maria do capitão.
Mulher forte destemida
Que viveu sua paixão
Nos braços d’um cangaceiro
Que não tinha paradeiro
Mas roubou seu coração
Salve Maria Bonita
Que pegou sua estrada
Seguindo seu coração
Apenas ele e mais nada.
Os passos de Virgulino
Era mesmo seu destino
Estava determinada.
Salve Maria Bonita
E salve sua decisão.
Preferiu correr perigo
Preferiu viver paixão
Fugiu da vida pacata
Por não querer ser ingrata
E magoar seu coração.
Salve Maria Bonita
Maria do lampião
Companheira tão fiel
Do famoso Capitão.
Ao lado de seu amante
Levando vida errante
Fez história no sertão.
Salve Maria bonita
Que na história ficou.
Dou vivas ao centenário
Da mulher que se rebelou
Para viver sua opção
Sem ligar para o padrão
Que a sociedade ditou.
Biografia de Maria Bonita – Companheira de Lampião
A vida no cangaço
Em meados de 1930, Maria bonita passou a fazer parte do bando de Lampião – foi a primeira mulher a ingressar no cangaço. A partir daí, mais de 30 mulheres participaram da vida do bando. A Bahia foi o Estado que forneceu o maior número de moças ao banditismo do Sertão nordestino, seguida por Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
As mulheres que aderiam ao cangaço tinham que se adaptar à nova vida, sem chance para arrependimento. Levavam uma vida de nômade, muitas vezes mal alimentadas, tendo que caminhar quilômetros sob o sol e a chuva, além de enfrentar os combates violentos contra as forças policiais. Nos jornais da época, as mulheres eram chamadas de bandoleiras, megeras e amantes. Muitas eram estereotipadas como masculinizadas, mas as fotos de Maria Bonita mostram seu cuidado com o traje, o cabelo e a postura.
Os papéis sociais no cangaço eram bem definidos: ao homem cabia zelar pela segurança e sustento dos bandos. À mulher, ser esposa e companheira. Durante a gestação elas ficavam escondidas. Depois do nascimento do bebê, eram obrigadas a entregar a criança a amigos e retornar ao cangaço. Maria Bonita teve três filhos durante esse período.
Morte
As ações de Maria Bonita, Lampião e seu bando duraram até 1938, foram oito anos convivendo juntos e praticando o banditismo social, até que o comerciante Pedro Cândido revelou à polícia, depois de ser torturado, o esconderijo de Lampião. Agindo de surpresa, uma tropa da polícia desbaratou o bando encontrado na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe.
Onze deles não conseguiram escapar, entre eles, Lampião e Maria Bonita, que foram mortos e decapitados. As cabeças das vítimas foram mumificadas e ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues, na Bahia, até serem enterradas em 1968.
Maria Bonita morreu na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe, no dia 28 de julho de 1938. Em 1982 a TV Globo produziu a série “Lampião e Maria Bonita”, quando foram protagonizados por Nelson Xavier e Tânia Alves.
Biografia de Maria Bonita: EBiografia