Sem dilemas para hoje
Não existe dilema na esquerda, quem se manter nessa dicotomia vazia e superficial será atropelado pela história. O fato histórico é claro, a necessidade de reorganizar o país e recuperar o Estado é muito maior e urgente do que as frágeis crises de ego de líderes emergentes da esquerda brasileira.
Por Fernando Neto
Em curso temos um inimigo orgânico socialmente com apoio de massas, aparelhado pelo braço do Estado e pelas forças ilegais que se organizam dentro e fora da segurança pública nacional, estadual e municipal e acumulam forças com a mediocridade e a ganância vil de parte do centro político no Brasil, e, a insistência por esse protagonismo dentro da esquerda é ‘fake’ e a conta vem mais cara para o trabalhador brasileiro e para as famílias que, a cada dia, aumentam no espectro da fome e a miséria no país.
Não existem dúvidas sobre o papel que cada militante, dirigente, líder ou figura pública deva assumir neste momento, quem estiver problematizando o óbvio saíra menor do que entrou e alguns até mesmo deixarão de existir na história.
Bolsonaro e seu núcleo tático esticam a corda na tentativa de não serem responsabilizados por qualquer ruptura, diminuem o dano com mobilização real e apoio nas redes sociais, uma militância vigilante que acumula vitórias em narrativas simples no contexto popular.
Não teremos o apoio real da imprensa ou de setores proeminentes da elite empresarial, restará poucas alternativas para retomarmos o rumo do país sem perdermos para a milícia política e ainda estaremos suscetíveis a vitória de um campo político alternativo ao nosso e estejamos contentes se for o fato.
Existem chances reais de sairmos vitoriosos e retomarmos a liderança nacional frente ao poder executivo e com representatividade massiva no parlamento, mas é necessários mais disciplina, esforço, articulação, trabalho e militância, do que simples ‘post’ nas redes sociais ou nota em jornal.
Temos um líder popular e de massas reconhecido mundialmente, porém, sozinho, isolado na esquerda dividida continuará sendo o melhor presidente da história do país, no passado recente, assim como o maior partido de esquerda da América Latina, enraizado na sociedade e inserido no consciente coletivo do trabalhador como ainda única ferramenta real de luta contra a sana do opressor, mas sem alianças e com pouca capacidade de dialogar para fora de nossas bolhas, seremos um grande MDB da esquerda.
Lula é o único capaz de construir maioria no campo político nacional para derrotar o bolsonarismo e o que ele representar, mas não fará sozinho, sem ilusões para o momento. Ou compreendemos nosso papel real na história atual ou veremos o Brasil retroagir ao período da escravidão com ferramentas modernas capaz de perpetuar a dor em escalas inimagináveis.
Fernando Neto – Militante de esquerda. Capa: Antonioni Cassara/Mídia Ninja