Ser índio no Brasil nos dias de hoje
Por: Ailton Krenak
É ter que lutar a cada dia para se fazer respeitar.
É proteger a vida, proteger a aldeia, proteger a nossa própria segurança pessoal.
É manter-se vivo.
É tentar proteger os lugares onde nós vivemos – o rio, a floresta – com a nossa própria vida, porque o Estado está totalmente rendido.
É uma situação de “salve-se quem puder”.
É defender o direito à vida, o direito de ir e vir e de se expressar, porque estão todos em suspenso.
É assistir a uma disputa muito grande do interesse privado sobre o interesse comum. Como o povo indígena vive de uma maneira que expressa o direito coletivo, ele fica muito exposto a essa violência colonialista que quer devastar tudo.
É sofrer por Belo Monte, lá no Xingu; pelos índios Kaiowá Guarani, no Mato Grosso do Sul; pelos Guaranis, no Pico do Jaraguá, em São Paulo; pelos Uru-Eu-Uau-Uau, em Rondônia.
Tudo isso são exemplos gritantes da violência que tem sido feita contra o interesse coletivo dos povos indígenas do Brasil nos dias de hoje.