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Sérgio Praça/Exame: Moro precisa renunciar

Sérgio Praça/Exame: Moro precisa renunciar

Após troca de mensagens com Dallagnol, Moro precisa renunciar

Conversas reveladas mostram como o MPF e Moro trocavam informações de modo ilegal, desrespeitando a neutralidade do Judiciário

Quando era juiz federal, Sergio Moro combinou com Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal, estratégias de investigação para implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em atos criminosos.
Conversas mantidas por Moro e Dallagnol pelo aplicativo de mensagens Telegram – reveladas pelo site The Intercept, do jornalista Gleen Greenwald e equipe mostram como o MPF e Moro trocavam informações de modo ilegal, desrespeitando a neutralidade do Judiciário.
O candidato derrotado às eleições presidenciais no ano passado pelo PT, Fernando Haddad, escreveu em seu Twitter que se trata do “maior escândalo institucional da história da República”. Não está errado.
A divulgação das mensagens não é um “ataque” à Operação Lava Jato. É o que permite a nós, cidadãos, termos acesso a como decisões de altíssima relevância pública são tomadas.

Seis meses depois, em março de 2016, o povo foi às ruas pedir o impeachment de (PT). Dallagnol creditou ao juiz o movimento da população. “Parabéns pelo imenso apoio público hoje”, escreveu o procurador. “Seus sinais conduzirão multidões, inclusive para reformas de que o precisa, nos sistemas político e de justiça criminal”.
Moro respondeu com um plural que indica mais do que autocongratulação “Fiz uma manifestação oficial. Parabéns a todos nós”. Continuou o juiz: “Ainda desconfio muito de nossa capacidade institucional de limpar o congresso. O melhor seria o congresso se autolimpar mas isso não está no horizonte. E não sei se o STF tem força suficiente para processar e condenar tantos e tão poderosos”.
“Há a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial”, diz a nota publicada há pouco pela assessoria de imprensa do Ministério Público Federal. A julgar por essa frase e o resto da nota, intitulada “Força-tarefa informa a ocorrência de ataque criminoso à Lava Jato”, os procuradores ainda não tiveram tempo de ler nada publicado pelo The Intercept.
Fonte: Revista Exame Abril

 (Ueslei Marcelino/Reuters)

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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