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soja transgênica

Soja transgênica, não identificada nos rótulos, está afetando saúde da população

Escondida dos rótulos, transgênica está afetando da população

Pesquisa da nutricionista Rayza Dal Molin aponta presença massiva de alimentos modificados geneticamente no

Letícia Sepúlveda

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soja transgênica
Vários tipos de soja transgênica estão sendo desenvolvidas, mas a única que pode ser comercializada é a resistente ao herbicida glifosato / Pexels/rawpixel

A soja é conhecida por seus ótimos benefícios para a saúde, como a redução no risco de cardiovasculares, do colesterol ruim e o fortalecimento dos ossos. No entanto, de acordo com o Conselho de Informações sobre Biotecnologia, 96,5% da soja produzida no Brasil é transgênica.

A tese de doutorado da nutricionista Rayza Dal Molin Cortese indica que alimentos à base de soja podem esconder em seus rótulos a presença de ingredientes transgênicos. Segundo Rayza, “os transgênicos, ou também conhecidos como organismos geneticamente modificados, são organismos vivos, como plantas, animais ou microorganismos que tiveram seu material genético, DNA, alterado de uma forma que não aconteceria naturalmente.”

As principais preocupações relacionadas aos OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) se relacionam com os efeitos maléficos que o consumo desses alimentos podem ocasionar. Os organismos aprovados para o consumo no Brasil sofreram modificações genéticas e tornaram-se resistentes a insetos ou herbicidas, e neste caso estão associados a algum tipo de agrotóxico.

De acordo com Rayza, “já existem estudos que comprovam os efeitos dos na saúde humana, em relação ao surgimento de alguns tipos de câncer, no agravamento do alzheimer, do autismo, da doença celíaca (inflamação grave no intestino delgado), entre outras enfermidades associadas ao consumo dos transgênicos e os efeitos dos agrotóxicos.”

A pesquisa de Rayza analisou a rotulagem de alimentos feitos com base em organismos geneticamente modificados. Além da soja, o levou em consideração ingredientes derivados de milho e algodão.

“Analisamos os rótulos de 5.048 alimentos que estavam disponíveis para venda em um supermercado de uma grande rede, localizado em Florianópolis. Do total dos alimentos analisados, identificamos que apenas 238, ou seja, menos de 5% dos alimentos declaravam a presença de algum ingrediente transgênico. No entanto, quando verificamos os ingredientes de todos esses alimentos, constatamos que mais de 60%, quase 65% dos alimentos continham algum ingrediente possivelmente geneticamente modificado, ou seja, derivado de soja ou milho. Ainda assim, não traziam nenhuma referente a presença de transgênicos no rótulo.”

A pesquisa concluiu que as indústrias estão omitindo informações dos consumidores, já que não disponibilizam informações corretas e adequadas sobre a composição desses alimentos.

ANOTE AÍ

Fonte: Brasil de Fato

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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