TAGARELAS: (...) ALVOROÇO DENTRO DE MIM

TAGARELAS: (…) alvoroço dentro de mim.

TAGARELAS: (…) alvoroço dentro de mim.
 
 
TAGARELAS
 
antes de escrever
sinto alvoroço
dentro de mim.
às vezes
risos
e até gargalhadas.
outras vezes
dor
lágrimas.sem saber o real motivo
só posso aguardar
palavras-versos
que me façam enxergar.e elas chegam:
uma a uma
ou em revoada.não se trata
de figura de linguagem.
vejo-as.voam como borboletas.
borboletas tagarelas
a entrar no quarto
ou na sala.
pousam nos meus ombros
se esparramam pela casa
como num pula-pula.
formam frases.
se embaralham.

depois
sem se despedir
vão embora.
tento pôr no papel
o que vi
e o que senti.
só pequena parte consigo.
e o toma forma.
e vejo mais:
as imagens
vívidas
coloridas
ou em preto e branco
como as revistas
que eu lia
quando menino.
e vejo crianças
e pessoas adultas
sentadas em círculo
compenetradas
lendo
sorrindo
ou chorando.
depois
fecham as revistas
e as colocam de lado.
levantam-se
dão-se as mãos
e iniciam um bailado.
as revistas
– animadas de
abrem as asas
e também brincam
na ciranda encantada.
.
(encantado, 6h25, 14/07/2020… faz frio, muito frio!, mas eu canto.)

 
Fonte: Facebook
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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