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Tânia Montoro: Doutora na arte de comunicar

Tânia Montoro: Doutora na arte de comunicar

Tânia Montoro: Doutora na arte de comunicar

Na academia, Tânia Siqueira Montoro tem um vasto currículo e bagagem de conhecimento, em grande parte conectado à área da Comunicação Audiovisual, especialmente cinema e TV. Pessoalmente, é a própria comunicadora, falante, alegre, sorridente e sempre disposta a ruidosas gargalhadas, quando o tema requer, o que não é raro.

Ela nasceu em Anápolis (GO), em 1957, primogênita de três irmãs, e ali morou até os 12 anos. Em 1969, seu pai, engenheiro civil, mudou-se com a família e montou uma construtora em Brasília. Ela casou-se pela primeira vez aos 19 anos e teve um filho, que hoje é Juiz de Direito em Porto Seguro, na Bahia.

Sempre disposta a qualquer parada, Tânia Montoro, como é chamada, ou T.S. Montoro, como assina seus escritos, não se limita a atividades teóricas em salas de aula ou laboratórios. No seu jeito de ensinar, aprender ou produzir, as atividades práticas estão sempre presentes, estejam onde estiverem.

Em 1994, após concluir a graduação em Educação e Ciências Sociais e o mestrado em Comunicação, na Universidade de Brasília (UnB), e já professora daquela instituição, surgiu uma oportunidade em Nova Orleães, nos EUA.

Como bolsista do Fundo das Nações Unidas para a Criança e o Adolescente (Unicef), foi cursar mestrado em Mobilização e Comunicação Social na Universidade de Tulane.

Cidade histórica, na foz do rio Mississipi e junto ao movimentado Golfo do México, a capital do estado da Luisiana é também importante centro portuário, por onde passa gente do mundo inteiro. E é habitada por descendentes de escravos negros, que deram origem ao blues e outros ritmos básicos na música dos EUA.

Foi, pois, uma grande experiência em sua formação, mas era apenas um começo. A partir dali sua vida é um suceder de andanças pelo Brasil e mundo afora, dando seguimento aos estudos ou participando das mais diversas modalidades de cursos e eventos culturais e educativos. Além de produzir filmes, livros e artigos.

Estudou também em Washington, Amsterdã e Cuba. Fez doutorado em Comunicação Audiovisual e Publicidade na Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, e pós-doutorado em Cinema e Televisão, na UFRJ.

Quando ainda estava em Barcelona, porém, participou de aventura que ainda hoje vive. Em 1998, o governador eleito de Goiás, Marconi Perillo, solicitou a assessores que buscassem alguma ideia que projetasse o nome do Estado ao País inteiro.

A tarefa ficou comigo e eu elaborei, então, a proposta do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), que foi criado e é realizado desde o ano seguinte na Cidade de Goiás (Goiás Velho), antiga capital.

Contudo, por ousadia, a proposta era de um evento internacional, de modo que precisava da participação de filmes estrangeiros desde sua primeira edição. A tarefa de divulgar o festival na Europa e atrair filmes concorrentes foi dada à Tânia, que resolveu a questão num vapt-vupt.

Ela articulou uma parceria com os realizadores de um festival similar, realizado em Serra da Estrela, em Portugal. Assim, já na sua primeira edição, além de películas nacionais, o FICA contou com a participação de duas dezenas de filmes estrangeiros. Um sucesso.

Seu foco principal nas atividades acadêmicas, nos oito livros e enorme quantidade de artigos que já escreveu é a representação da sociedade nos meios audiovisuais. A partir daí abre um amplo leque de estudos e pesquisas, feroz crítica do uso desses veículos pra difusão da ideologia das elites.

Feminista de carteirinha, dentre sua produção de filmes e vídeos, ganha destaque a série de curtas-metragens sobre mulheres e os ambientes onde vivem. “Mulher de Borracha”, “Mulher de Areia” e “Divinas Marias” documentam a relação da mulher com diferentes cenários geográficos, como ciência social aplicada.

Além de premiada, a série influiu no processo que fez com que as pescadeiras (coletoras de algas, mariscos e artesãs de material de pesca) tivessem sua profissão reconhecida. Na mesma linha, documentou a pesca da lagosta no Rio Grande do Norte, que mutila famílias inteiras.

Boa parte de sua produção em cinema e vídeo foi em parceria com seu companheiro Armando Bulcão, também professor da UnB, com quem conviveu por 22 anos. Esta parceria inclui o longa-metragem “Hollyhood no Cerrado”, um filme sobre cinema.

A película conta a história de cineastas e atores norte-americanos que montaram um núcleo de produção cinematográfica em Anápolis, sua terra natal, nas décadas de 1940 e 50. A aventura de renomadas figuras do cinema ianque nos sertões do Brasil Central, não prosperou, mas virou um episódio mundialmente conhecido.

Hoje, após 26 anos de magistério, Tânia Montoro leciona várias disciplinas na graduação, mestrado e doutorado da UnB. Orienta em média 10 alunos por semestre e participa de eventos culturais no Brasil e no exterior.

Além disso, é consultora de organismos internacionais, festivais de cinema e entidades ligadas ao meio. Faz parte de vários conselhos de nível nacional e internacional, sem parar de escrever e dar materialidade às suas teorias.

Critica com vigor a estrutura das universidades brasileiras, que, segundo diz, oferecem péssimas condições de trabalho aos cientistas e professores. “O Brasil deve reduzir salários dos deputados, senadores, juízes e pagar melhor profissionais da saúde e educação”, afirma.

Em meio a tudo isso, com frequência ela se refugia numa bucólica casa que tem na cidade histórica de Pirenópolis, a 150 km de Brasília. Lá, encontra muitos amigos e ri bastante.

publicado originalmente em 29 de jul de 2016


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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