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Todos são iguais perante o vírus?

Por Laurez Cerqueira

M%C3%A1scara do Paulo Guedes

 

Parece que os adjetivos atribuídos a Bolsonaro estão esgotados. Restou o que fazer com ele, o mais venenoso fruto do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma.

Por enquanto, ele foi isolado, os governadores assumiram a frente de combate à pandemia, por causa do despreparo, da resistência e da irresponsabilidade do presidente da República em admitir a gravidade da situação e demorar tanto na tomada de decisões.

Quando o grande capital, juntamente com a imprensa oligárquica apoiaram a campanha eleitoral de Bolsonaro, (depois que Lula foi preso e impedido de participar das eleições), sabiam muito bem o que estavam fazendo.

Queriam o apoio das forças armadas, policiais, judiciárias e legislativas, para proteção dos bilionários negócios dos magnatas nacionais e internacionais. Bolsonaro seria apenas um office boy de Paulo Guedes.

Logo depois da posse, ele deixou claro que veio para “destruir”, repetindo um jargão corrente entre os inimigos do Estado, da Constituição, dos direitos sociais, e do legado dos governos Lula e Dilma.

Partiram para a destruição dos mecanismos de distribuição da e de todas as do projeto de , de inclusão social e de superação da , implementados por Lula e Dilma.

Os donos do mercado e os porta-vozes deles na imprensa aplaudiram e disseram: “agora a coisa vai”. Com o preposto “Chicago Boy”, Paulo Guedes, no comando, a máquina destruidora entrou em ação.

Guedes, com sua ideia fixa de que o mercado é panaceia para todos os problemas econômicos e sociais do país, e que o Estado teria que ser reduzido ao mínimo, acelerou a máquina nos cortes brutais dos públicos, de direitos dos trabalhadores e dos mais pobres.

Com uma ideologia superada, afogada na crise de 2008, gestada nos , ele e seu parceiro, Jair Bolsonaro, atacaram os fundos públicos de financiamento do desenvolvimento e das políticas públicas de proteção e inclusão social.

Somando-se a isso a maior fuga de capitais das últimas quatro décadas e outros fatores, o país ficou sem investimentos públicos e privados. Liquidaram a economia. O resultado foi o pibinho de 1,1%, em 2019.

Depois de assumir a presidência, Michel Temer, com o apoio dos golpistas do Congresso, entre eles Bolsonaro, aprovou o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos e hoje está em casa numa redoma, em paga por serviços prestados. Eduardo Cunha numa UTI, Aécio Neves por aí, livre como um antílope, e o Supremo, mais o ex-juiz , como estacas de sustentação dos governos do golpe.

O grande capital e a imprensa porta-voz do mercado agora são unânimes em dizer que o Estado tem que enfrentar a pandemia e salvar a economia.

Nos últimos dias, figuras expoentes da defesa do Estado mínimo, do arrocho fiscal, debulharam rosários de declarações contrárias ao que diziam antes.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ardoroso militante do , por exemplo, disse que, para vencer a crise, o precisa de um Estado forte e que não é hora de restrições fiscais.

Carlos Alberto Sardenberg, comentarista de O Globo, sempre implacável na defesa do mercado e do corte de investimentos públicos, disse que “Ninguém lida com uma calamidade fazendo corte de gastos”.

Outros inimigos do Estado, quando querem se apropriar dos bens públicos, dos recursos naturais, e explorar comercialmente os serviços públicos, usam e abusam do discurso enganador.

Como todos são iguais perante o vírus, a hipocrisia aflorou. Querem agora o “Estado Salvador”, para salvar bancos e empresas, com dinheiro do contribuinte. Paulo Guedes abriu o cofre. Os bancos receberam R$ 1,2 trilhão, a economia real R$ 247 bilhões, e aos trabalhadores o de sempre: desemprego e migalhas.

De bolsos cheios,  os magnatas empurram o problemático Bolsonaro para a linha do descarte, com renúncia ou impeachment, e que ele procure o caminho, quem sabe de Miami, para viver seu ostracismo.

A máquina do político foi ligada.

Fonte: Blog do Laurez Cerqueira

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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