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Tragédia anunciada: O Rio Acre pode secar…

Tragédia anunciada: O Rio Acre pode secar…


O Rio Acre, um dos principais rios do Acre e da Amazônia pode secar em 13 anos, diz estudo da Universidade Federal do Acre (UFAC)

Por:  Jornal do Acre, Rio Branco

Um estudo feito pela Universidade Federal do Acre (Ufac) mostra o avanço do desmatamento ao longo da bacia do Rio Acre. A região do Vale do Rio Acre concentra 64% do desmatamento de todo o estado.

De uma forma geral, o desmatamento nesta região já atingiu 37% e o limite legal é 20%. Os dados preveem ainda uma situação ainda mais preocupante, que é a possibilidade do rio secar nos próximos 13 anos.

“O estudo que foi feito com base nos dados colhidos todos os dias desde 1971. Pegamos os valores das cotas mínimas e fizemos uma média por década e, a partir daí, a gente observou que da década de 70 até a década de 2000 o rio perdeu mais de um metro do nível médio de água”, explica o professor e doutor da Ufac, Evandro Ferreira.

Ele diz ainda que se o ritmo de desmatamento e destruição não tiver sido contido, o problema vai ficar ainda pior.

“Se a gente mantiver esse ritmo, a partir de 2030, provavelmente nos meses de julho, agosto e setembro, em algum dia desses meses, você pode ter uma situação que a água do rio na régua não vai ter mais”, alerta.

O Rio Acre drena cerca de 90% da região leste do estado e é a principal fonte de água potável para a maioria dos municípios da região, que abriga cerca de 450 mil habitantes, 60% da população. Uma crise hídrica pode trazer graves consequências sociais e econômicas para a região. E o problema não é descartado pelo professor.

“No Acre, mais de um terço da mata ciliar já foi destruída. Por exemplo, onde o Rio Acre passa na Bolívia e Peru já tem menos de 15% de destruição. Você olha nos sites de satélites, vê o lado boliviano muito preservado e o brasileiro detonado”, explica.

Rio Acre pode secar entre 2031 e 2040 durante a estiagem, aponta estudo

Rio Acre pode secar entre 2031 e 2040 durante a estiagem, aponta estudo

A recuperação da mata ciliar seria uma das medidas que poderiam ser tomadas para tentar amenizar os impactos desse desastre natural, segundo o doutor.

“O aquecimento global, que é uma coisa comprovada, pode fazer mudar o nosso clima e a nossa estiagem que é de abril a setembro pode se estender um pouco. Quando isso acontecer, a nossa floresta vai começar a mudar. Pode ser que até 2050, por exemplo, no Acre na região Leste a floresta seja substituída aos poucos por uma espécie de savana”, acredita.

A situação pode ser remediada, mas para isso, todos devem colaborar preservando as fontes de água e floresta entorno dos mananciais.

“Independente do que está acontecendo fora do Acre, acho que ninguém pode negligenciar. A gente faz algumas pesquisar para saber como podemos ajudar, mas é ação de cada um e não é ação só no rio Acre. Cada um tem que ter sua consciência”, finaliza.

Rio Acre foto reprodução Rede Amazônia AcreFoto: Reprodução Rede Amazônia Acre

ANOTE AÍ:

Matéria publicada por sugestão de Altino Machado, jornalista acreano. Fonte: http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/estudo-da-ufac-aponta-que-nos-proximos-13-anos-o-rio-acre-pode-secar.ghtml

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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