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Pequena viagem ao centro da Terra

Pequena viagem ao centro da Terra: Tectônica de Placas

Desde a publicação da obra de Charles Darwin em 1859 sobre a origem das espécies através da seleção natural e os trabalhos da Física de Einstein no início do século XX, o pensamento científico nunca recebeu tanto impacto nem tantas transformações até o início da década de 1960, com a comprovação da Tectônica de Placas…

Por Altair Sales Barbosa

Este princípio teórico trouxe uma nova revolução para as ciências biológicas, para a geografia, para a geologia, climatologia e para todos os ramos científicos que, de uma forma ou de outra, estão relacionados com as ciências descritas.

No caso específico da Biogeografia e da Geologia, vários dos conceitos até então imperantes tiveram que ser abandonados. A partir de então, o planeta Terra passa a ser tratado como um sistema dinâmico, integrante de modelos maiores, cujos componentes apresentam uma complicada teia de interconexões.

A Terra não poderia ser mais olhada como um planeta imutável, cujos continentes e bacias oceânicas permaneciam fixas ao longo do tempo; a Terra passou a ser considerada um planeta mutável e extremamente dinâmico. A teoria que causou toda essa evolução recebe o nome de Tectônica de Placas e não surgiu de uma hora para outra, vários estudos e hipóteses durante décadas foram trabalhados no sentido da sua sedimentação.

OS PRECURSORES DA IDEIA

Edward Suess e a Flora Glossopteris

Durante o final do século XIX, o geólogo austríaco Edward Suess percebeu semelhanças entre fósseis de plantas do Paleozoico Superior da Índia, Austrália, África do Sul e América do Sul.

Os fósseis formam uma flora única que ocorre em camadas de carvão, existentes nestes continentes. Essa flora, muito diferente da flora contemporânea dos pântanos carboníferos dos continentes do Norte, foi denominada Flora Glossopteris, nome extraído do seu gênero mais comum.

No seu livro A face da Terra, de 1885, Suess propôs o nome Gondwana, para um supercontinente que existiu ao sul do Equador. Segundo Suess, a semelhança entre essa flora estava associada à ligação existente entre as massas desse supercontinente.

Alfred Wegener e a Deriva Continental

Foi Alfred Wegener, um meteorologista alemão, quem formulou a hipótese da Deriva Continental. Em seu livro A origem dos continentes e dos oceanos, de 1915, Wegener propôs que todas as massas continentais, num tempo remoto, formavam um único continente, ao qual denominou Pangeia.

Wegener procurou retratar sua hipótese através de uma série de mapas, mostrando o rompimento do Pangeia e o movimento dos continentes até suas posições atuais. Wegener reuniu ainda grande quantidade de evidências geológicas, paleontológicas e climatológicas para sustentar suas ideias, que nunca foram aceitas no mundo científico em geral.

Muito ridicularizado à época, Wegener partiu para a Groenlândia, buscando provas para sua hipótese, mas desapareceu em 1930, sem deixar vestígios.

Alexander Du Toit

Du Toit, geólogo sul-africano, retoma em 1937, sem muito sucesso, apesar de gozar de boa reputação no meio científico, as ideias de Wegener, através da publicação do livro Nossos Continentes Errantes.

A COMPROVAÇÃO

Durante a segunda guerra mundial, os deslocamentos dos submarinos alemães impuseram grandes perdas aos aliados. O mundo Ocidental, tendo à frente os Estados Unidos, iniciou um grande projeto de mapeamento dos fundos oceânicos, utilizando um método de muita precisão conhecido como ecobatimetria. Para surpresa de todos, a descoberta das cadeias mesoceânicas no Atlântico comprovou a hipótese da expansão do fundo oceânico.

A essas provas se juntou a descoberta das fossas oceânicas, onde se verifica o afundamento do substrato oceânico. Como consequência também se constatou que a superfície terrestre é composta por placas tectônicas. Verificou-se também que cada placa se desloca em sentidos diferentes.

Pela junção das teorias da Deriva Continental, de Wegener, e da Expansão do Fundo Oceânico, foi concebida a Teoria da Tectônica de Placas.

A Teoria da Tectônica de Placas mostra que as interações entre as placas móveis determinam a localização dos continentes, bacias oceânicas e sistemas de montanhas que, por sua vez, afetam os padrões de circulação atmosférica e oceânica que finalmente determinam os climas globais.

O movimento das placas também tem influenciado profundamente a distribuição geográfica, a evolução e a extinção de plantas e animais. A aceitação desta Teoria levou a um maior entendimento de como a Terra tem evoluído e continua a evoluir.

Essa poderosa Teoria é unificadora e possibilitou aos especialistas enxergar a história da Terra em termos de acontecimentos inter-relacionados que são partes de um panorama global de mudança dinâmica ao longo do tempo.

https://xapuri.info/elizabeth-teixeira-resistente-da-luta-camponesa/

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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