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Vamos plantar água?

Vamos plantar água? Água se planta com agroflorestas

“A Vida baseada no Amor Incondicional gera abundância.” Ernst Götsch

 Do Portal Purus

Edição para Água Boa News, Michel Franck

Em períodos de secas, queimadas e clima insalubre devido a baixa umidade do ar e a fumaça dos incêndios, ocasionando um desastre ambiental de proporções catastróficas para o Brasil e o mundo é mister lembrar as lições de Ernst Götsch e as suas amadas e benfazejas agroflorestas.
 
Ernst Götsch nos mostra que agroflorestas são agroecossistemas semelhantes aos sistemas naturais: “a vida não conhece tempo, conhece fluxo.” Observando esta premissa ecossistêmica recupera solos degradados, sem insumos de fora, ao contrário da “revolução verde” e do modelo insustentável do agronegócio latifundiário e da monocultura.
 
A agrofloresta evita ciclos anti-ecológicos com desarmonia inoportuna. O Planeta Terra é um biocondensador, pois capta 1% da energia solar e armazena hidrocarbono, portanto as queimadas são suicídio.A agrofloresta produz madeira, que não é plantada com esta finalidade exclusivamente, pois é um subproduto.
 
Ernst Götsch nos conta que comprou uma fazenda com o sintomático nome de “Fugidos da Terra Seca”, em Tabuleiro de Valença, na Bahia. Implantou o sistema de agroflorestas neste lugar seco e que o sistema impede secas na fazenda, mudando o nome da fazenda para “Olhos d’água”, pois as chuvas são retidas, houve formação de córregos, e tem quase o dobro de precipitação pluvial que as outras propriedades rurais no entorno.
 
 
 
Conta que se vale dos dispersores naturais de sementes: pássaros, até animais exóticos, cotias, outros  até então eram considerados extintos. Frugívoros como o macaco-prego são plantadores de cacau e de jaca.Outro semeador é a paca, o gavião planta pupunha, a saúva é grande reflorestadora. Otimizadores do processo da vida!
 
Lembra que o guanandi na Mata Atlântica é indicador de nascente de água. Minhocoçu, com cerca de 2 metros e 350 gramas é indicador de terra boa. Sua dica é plantar o que pode dar no local. A regeneração na floresta ocorre a partir de clareiras, até chegar a uma mata de clímax com ipês-roxo, guapuruvus. Na clareira planta logo pitanga e ingá, por exemplo.
 
Na caatinga recomenda plantar sisal, depois beldroega, mandacaru (cactus), guandu, feijão, caju, mamão.
Cuidado com animais domésticos (cabras, ovelhas, porcos,bovinos)  pois modificam a paisagem, originando a estepe.
“As espécies tem função prazerosa, criam o paraíso na Terra em comunicação.”
 
Saber do princípio hermético, atentando para processos regenerativo, respiratório. Cada espécie é pré-determinada pela que a precede, “somos parte de um sistema inteligente” recorda Götsch. Colonizadores (bactérias), acumuladores com ciclos respiratório e regenerativo paralelos à ação dos polinizadores como as formigas, insetos, animais dispersores de sementes trazem muita abundância com muitos animais de grande porte atuando juntos com a sucessão natural para uma biodiversidade consolidada.
 
A placenta da agrofloresta são as vassouras, marcela, guandu. As criadoras da placenta são batata-doce, mandioca para uma densidade definitiva de vegetação semelhante a um monocultivo com respiração para levar a uma transformação com plantas secundárias tais como banana-nanica, araçá-mirim, jurubeba, tomate de árvore e chegando a um ciclo longo com pitanga, goiaba, abacate, araticum, ingá-cipó, algumas das canelas. Lembrando que  leva de 250 a 300 anos para chegar ao clímax com as características de auto-reprodução da floresta (um ciclo completo de respiração da floresta ).
 
Em tempos de seca, principalmente ética e intelectual dos políticos brasileiros, propondo uma revisão desastrosa do Código Florestal Brasileiro recordemos Benjamin Franklin: “se as cidades forem destruídas e os campos forem conservados, as cidades ressurgirão, mas se queimarem os campos e conservarem as cidades, estas não sobreviverão.”
Acrescento: sem a floresta o campo perecerá queimado e desértico como podemos ver atualmente no Cerrado e na Amazônia.
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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