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Vanuzia Costa Santos

Vanuzia Costa Santos, da etnia Kaimbé, a primeira indígena vacinada contra Covid-19 no Brasil

Vanuzia Costa Santos, da etnia Kaimbé, a primeira indígena vacinada contra no

Por Mônica Nunes

“Sinto esperança e gratidão”, diz Vanuzia Costa Santos, da etnia Kaimbé, a primeira indígena vacinada contra Covid-19 no Brasil. 

 

Assim que a Anvisa autorizou o uso emergencial de duas vacinas – a CoronaVac, da Sinovac e do Instituto Butantan, e a Oxford-AstraZeneca, produzida pela Fiocruz – em todo o país, em decisão transmitida ontem, 17/1, pela TV ao vivo, 112 profissionais de saúde já aguardavam o início da vacinação no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a receber a vacina, como contamos aqui. Foi emocionante vê-la recebendo a primeira dose do imunizante e, em seguida, exibindo o comprovante.

Entre os brasileiros selecionados para fazer parte dos registros deste dia histórico, também estava a técnica de enfermagem e assistente social Vanuzia Costa Santos, de 50 anos, indígena integrante da etnia Kaimbé, originária da Bahia, que mora em Guarulhos, São Paulo.

Tornou-se, assim, a primeira indígena a se vacinar contra a Covid-19.

Vanuzia perdeu dois primos para a doença e, na aldeia multiétnica Filhos da Terra, onde mora, no bairro do Cabuçú, sete indigenas foram contaminados: ela entre eles.

Por isso, não escondeu sua alegria com a aprovação das vacinas e estar entre os selecionados para o início da campanha no estado. E aproveitou a oportunidade para enfatizar que espera que os parentes desconfiados deixem suas suspeitas de lado e adiram à vacinação.

““A vacina salva vidas. É a única garantia da nossa existência. Desde 1500, nosso povo foi quase dizimado. Nós éramos 1.300 no Brasil, hoje nós somos apenas 305. Se nós não nos vacinarmos, nós vamos desaparecer. Eu estou aqui em defesa da minha vida, da minha família, do meu povo e da humanidade. Estou me sentindo hoje com esperança. Esperança de dias melhores, esperança de vida. A palavra, hoje, é essa. E é também gratidão. Gratidão à Ciência e aos educadores”, declarou em entrevista para a Globo News.

E completou:

“Quero dizer para os meus parentes: ‘vamos nos vacinar!'. Vacinar é um ato de amor, de esperança. Eu sou um exemplo. Sou indígena, uma mulher de fé, sou uma pessoa que preserva os ensinamentos do meu povo, a minha ciência, a minha , minha crença. Mas sei que só a minha crença e a minha ancestralidade não são suficientes para combater este vírus, que é um inimigo feroz que destrói vidas em questão de minutos ou segundos”.

Desconfiança e apelo

Vanuzia contou que, no sábado passado, véspera da votação da Anvisa, esteve em reunião com os membros do conselho que lidera “junto com o cacique Alex” e ouviu parentes dizerem que não vão se vacinar porque estão desconfiados.

“Eles acreditam que os indígenas são os primeiros porque a vacina é para nos matar”. E reforçou seu apelo, dizendo: “Se você não se vacinar vai perder a sua vida e a do seu parente!”.

Ainda jovem, Vanuzia decidiu sair de Massacará, na cidade de Euclides da Cunha, Bahia, onde nasceu, para estudar, lutar pelos e, um dia, poder retornar à sua aldeia para cuidar de seus povo. Em Massacará vivem cerca de 200 famílias Kaimbé. Em São Paulo, são mais 180.

Campanha paulista

Os primeiros grupos considerados prioritários na campanha paulista são os profissionais de saúde e os indígenas e a vacinação oficial deve ser iniciada a partir de 25 de janeiro nos posto de vacinação. Ontem, o governo de São Paulo lançou o site Vacina Já para que as pessoas de todos os grupos prioritários que receberão a primeira dose da vacinação da Covid-19 – incluindo os indígenas – façam um pré-cadastro.

De acordo com comunicado da secretaria estadual de saúde, não se trata de agendamento, mas de uma forma de agilizar o atendimento nos locais de vacinação, evitando aglomerações. Quem aderir, deve informar o número do CPF, endereço, data de nascimento e município onde mora.

“O fornecimento das informações é opcional, mas a participação de cada um vai ajudar toda a sociedade. Quem não conseguir fazer o pré-cadastro não precisa se preocupar, pois a vacinação também será feita sem ele. Neste caso, será necessário fazer o cadastro completo no local de vacinação”.

Os endereços dos postos de vacinação estão indicados no mesmo site.

Fontes: Via Conexão Planeta e Apib, Globo News, UOL, Folha de São Paulo

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Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, financeira e . Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado

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Mercedes Sosa

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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