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#Vazajato: Três meses de revelações do Intercept. E agora Brasil?

#Vazajato: Três meses de revelações do Intercept. E agora ?

Três meses de revelações do Intercept e nada acontece no Brasil

Por  Mino Carta/Carta Capital

No país da casa-grande e da senzala a lei é adaptável às conveniências contingentes dos mais fortes, a minoria rica

As derradeiras revelações do The Intercept haveriam de ser o último capítulo do enredo da farsa encenada pelo tribunal da Inquisição de Curitiba, também conhecido como Lava Jato, para alijar a candidatura do ex- das de 2018 ao condená-lo e prendê-lo sem provas. Deveriam ser, e são aos olhos do civilizado e democrático, enquanto o Brasil finge ignorar “a canalhice”, como diz o condenado, cometida por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e sacramentada pelos poderes da República, com destaque para a Suprema Corte estupidamente pomposa a trair seu papel constitucional de guardiã da Lei.

No país da casa-grande e da senzala a lei é adaptável às conveniências contingentes dos mais fortes, a minoria rica. Não há como escapar à visão de um Brasil mergulhado na medievalidade mais obscura. Isto já foi dito e repisado e é do conhecimento até do mundo mineral, mas os brasileiros em sua maioria ainda não chegaram lá.

Há duas razões prioritárias de espanto. A primeira diz respeito ao silêncio das ruas, ao comportamento da mídia, inclusive à dolorosa constatação de que são muitos, em demasia, aqueles que, embora habilitados a perceber a velhacaria da farsa, preferem preso. O ódio de classe explica até um certo ponto. Onde estão os cidadãos favorecidos pelas políticas sociais dos governos petistas, hoje devolvidos à sua irreversível ? Sim, isto também já foi dito, e repetido talvez inutilmente, ao sublinhar a unicidade do fenômeno nativo.

 

Desde o início de junho, The Intercept divulga o resultado de uma investigação que não deixa dúvidas quanto à sua veracidade. Vêm à tona provas irrefutáveis de uma tramoia ciclópica que envergonha a todos e condena o País à condição de pária internacional, destinado a ser ainda colônia, e habitado por um sempre vocacionado para a escravidão. Em mais de três meses de revelações cada vez mais assombrosas, nada aconteceu, a não ser, nesta semana, a patética declaração de Gilmar Mendes, ao acentuar ter agido quando do vazamento de um telefonema entre e Lula, e intervir para impedir a designação do ex-presidente a chefe da Casa Civil, baseado nas informações fornecidas pelos inquisidores, parciais e incompletas.

Ato falho do nosso Darth Vader? De fato, ele reconheceu implicitamente que o The Intercept conta a verdade. Em compensação, a mídia nunca chegou a um papel tão abjeto ao tomar claramente o partido dos desmascarados, até na hora em que estes inventam uma contramanobra para neutralizar o efeito das últimas revelações sobre os criminosos propósitos que orientaram o golpe de 2016. CartaCapital, sem a mais pálida chance de engano, já sustentou que, a partir da Lava Jato, tudo quanto se seguiu até a eleição de Jair Bolsonaro invalida todo o período pós-PT.

Falta falar da segunda razão de espanto terrificante. Está no inesgotável recurso golpista à ignorância do povo, à inconsciência da , à incapacidade não somente de reação, mas também, e sobretudo, de entendimento da constante humilhação a que foi submetido pelos séculos adentro. A , se em algum momento existiu e teve peso no contexto político, não soube preparar o povo para a compreensão das intermináveis ofensas recebidas. Na minha opinião, duas passagens da memorável entrevista de Lula a esbanjar energia, publicada na semana passada, me tocam profundamente. Quando declara: “A Dilma, o PT, eu, todos erramos e colhemos o que plantamos”. E mais, constata que o Brasil deveria imitar a Argentina. O grande e querido amigo me perdoe, mas o PT insiste no erro, a não ser nas terras livres do Nordeste.

Fonte: Carta Capital

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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