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Você sabe como Mussolini chegou ao poder na Itália?

Você sabe como Mussolini chegou ao poder na Itália?

LÚCIA HELENA ISSA

É assustador. Já são pelo menos 15 os casos de ataques físicos gravíssimos ou assassinato cometidos por bolsonaristas em poucos dias.

Um dos ataques, a facadas e dentro de um bar, levou à morte um mestre capoerista em Salvador depois de apenas relatar que havia votado em Fernando Haddad.

Você sabe como Mussolini chegou ao poder na Itália?

Morei em Roma durante seis anos, de onde colaborei como jornalista com vários jornais do Brasil, e durante esses anos, tentei entender o ódio que tomou conta dos jovens italianos nas décadas de 30 e 40 e como ele foi sendo alimentado por grupos poderosos e invisíveis até então, legitimando agressões contra todos os que pensassem de forma diferente, contra os jovens de esquerda, contra mulheres mais independentes, contra trabalhadores rurais, etc, dando origem ao fascismo.

As milícias fascistas eram chamadas por Mussolini de “fascio”, uma espécie de feixe com vários gravetos de madeira que, juntos, podem fazer uma fogueira, segundo uma das metáforas usadas na época. O movimento dos “fascio” passou a ganhar força quando a Milizia Volontaria per La Sicurezza passou a agredir as pessoas em passeatas.

Os agressores que levaram Mussolini ao poder eram chamados de Camicie Nere, Camisas Negras, em homenagem aos “arditi”, que usavam uniformes negros, e agiam em nome do anticomunismo, do antipacifismo e do “nacionalismo. Eles atacavam mulheres, jovens, espancavam grevistas, intelectuais críticos ao fascismo, membros das ligas camponesas e de qualquer grupo que pensasse de forma diferente dos fascistas.

Poucas pessoas sabem que bem antes da II Guerra, os “fascios” foram responsáveis pelo assassinato de 600 italianos, enquanto a polícia italiana se omitia ou se recusava a fazer algo. Essas milícias, no início, usavam porretes e chicotes ao invés de armas, pois seu objetivo era humilhar seus inimigos e não matá-los. Mas em poucos meses, surgiram as primeiras mortes. Os bolsonaristas que hoje matam seguem a mesma trajetória. Os

Camicie Nere queriam impedir as pessoas de circularem livremente pelo território italiano e de expressarem apoio à esquerda italiana.

Os bolsonaristas também.

Os seguidotes de Mussolini odiavam sobretudo os trabalhadores rurais, os jovens de esquerda, os “comunistas” e os membros das Ligas Camponesas.

Os de Bolsonaro também.

Os fascistas italianos tiveram o apoio de militares italianos e, o silêncio de Mussolini, depois transformado em apoio.

Os bolsonaristas que assassinaram o mestre capoeirista na Bahia contam agora com o silêncio imoral de Jair Bolsonaro.

Hoje sabemos como terminou o fascismo italiano e o apoio dos mussolianos a um homem que destruiu a Itália de todas as formas, inclusive economicamente.

Quem não conhece a história nos condenará a repeti-la?

ANOTE AÍ

Fonte: Brasil 247

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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