Wilson Pinheiro – MPF reabre caso do assassinato do líder seringueiro

Wilson Pinheiro – MPF reabre caso do assassinato do líder seringueiro
 
Wilson Pinheiro – MPF vai apurar omissão estatal durante a ditadura militar na investigação do assassinato do líder seringueiro, dentro da sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia, em 1980
 
 
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para apurar eventual omissão dos entes federados na investigação da morte de Wilson Souza Pinheiro, ocorrida no interior do Acre em julho de 1980.
 
Wilson Pinheiro foi um líder seringueiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia e participante de vários movimentos de resistência em conflitos fundiários que ameaçavam comunidades tradicionais da região na época.
 
Segundo o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Lucas Costa Almeida Dias, apurar a atuação dos entes federados na investigação do caso Wilson Souza Pinheiro, especialmente a existência de eventual acervo documental sobre o crime, objetivando a defesa da verdade e da memória é uma forma de executar as medidas da Justiça de Transição, buscando a promoção da Justiça, revelação da verdade, reparação das vítimas, preservação e divulgação da memória e implementação de reformas institucionais.
 
No âmbito do inquérito, já foram expedidos ofícios ao Tribunal de Justiça (TJ/AC), ao Ministério Público (MP/AC), ao Governo do Acre e ao comando do Exército no Acre para que informem se há registros documentais da morte de Wilson Pinheiro, bem como se existem informações sobre processos ou procedimentos instaurados para apurar o crime.
 
Também já foi realizada a oitiva do depoimento da filha de Wilson Pinheiro, bem como determinada a pesquisa sobre outros personagens importantes dos fatos na época.
 
Após a coleta das informações e o cumprimento de outras diligências que forem necessárias, o MPF decidirá quais são as medidas cabíveis para o caso.
 
Pode ser uma imagem de 2 pessoas
 
Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapui.info. Gratidão!