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Terras Indígenas Mapari, Sententã e Arara homologadas

Mapari, Sententã e Arara homologadas no

Em abril, mês em que o Brasil celebra o Dia do Índio no dia 19, o governo brasileiro homologou três terras indígenas, totalizando 232.544 hectares, todas na região Norte, para quatro etnias – os povos Kaixana e Mura, no , e Arara e Juruna, no estado do Pará.

As três áreas foram homologadas por decretos da presidenta , publicados no Diário Oficial da União do dia 20 de abril de 2015, na semana seguinte à presença em de cerca de 1,5 mil lideranças indígenas no Acampamento Terra Livre, organizado pela Mobilização Nacional Indígena, sob a coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

No Amazonas, foram homologadas a Terra Indígena (TI) Mapari, com 157.246 hectares, localizada nos municípios de Fonte Boa, Japurá e Tocantins, habitada pelo povo Kaixana; e a TI Sententã, com 49.773 hectares, localizada nos municípios de Borba e Novo Aripuanã, habitada pelo povo Mura.

No Pará, foi homologada a TI Arara da Volta Grande do Xingu, com 25.500 hectares, habitada pelos povos indígenas Arara e Juruna.  Localizada no município de Senador José Porfírio, a TI está inserida nos procedimentos de licenciamento da Usina de Belo Monte.

Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), o Brasil possui 544 Terras Indígenas tradicionalmente ocupadas regularizadas ou em processo de regularização, 30 reservas indígenas, 6 terras dominiais e 6 áreas interditadas, totalizando 585 áreas indígenas, em um total de 113.112.112,8462 hectares.

Das 544 áreas tradicionalmente ocupadas, localizadas em 111.963.634,4401 hectares, 38 encontram-se delimitadas, 66 declaradas, 14 homologadas e 426 regularizadas. As áreas já regularizadas perfazem um total de 104.588.473,4229 hectares. Existem ainda 6 áreas interditadas, somando 1.084.049 hectares, e 129 áreas em , sem tamanho definido.

MODALIDADE DAS TERRAS INDÍGENAS

Segundo a Funai, nos termos da legislação vigente (CF/88, Lei 6001/73 – Estatuto do Índio, Decreto n.º1775/96), as terras indígenas podem ser classificadas nas seguintes modalidades:

MODALIDADE DESCRIÇÃO QTDE SUPERFÍCIE (ha)

Terras Indígenas

Tradicionalmente ocupadas

São as terras indígenas de que trata o Art. 231 da Constituição Federal de 1988, direito originário dos povos indígenas, cujo processo de demarcação é disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96. 544 111.963.634,4401
Reservas Indígenas São terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União, que se destinam à posse permanente dos povos indígenas. São terras que também pertencem ao patrimônio da União, mas não se confundem com as terras de ocupação tradicional. Existem terras indígenas, no entanto, que foram reservadas pelos estados-membros, principalmente durante a primeira metade do século XX, que são reconhecidas como de ocupação tradicional. 30 33.358,7036
Terras Dominiais São as terras de propriedade das comunidades indígenas, havidas por qualquer uma das formas de aquisição do domínio, nos termos da legislação civil. 6 31.070,7025
Interditadas São áreas interditadas pela Funai para proteção dos povos e grupos indígenas isolados, com o estabelecimento de restrição de ingresso e trânsito de terceiros na área. A interdição da área pode ser realizada concomitantemente ou não com o processo de demarcação, disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96. 6 1.084.049,0000
  Total 585 113.112.112,8462

FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

De acordo com a Constituição Federal vigente, os povos indígenas detêm o direito originário e o usufruto exclusivo sobre as terras que tradicionalmente ocupam.

As fases do procedimento demarcatório das terras tradicionalmente ocupadas, abaixo descritas, são definidas por Decreto da Presidência da República e atualmente consistem em:

FASE STATUS QTDE SUPERFÍCIE (ha)
Em estudo Realização dos estudos antropológicos, históricos, fundiários, cartográficos e ambientais, que fundamentam a identificação e a delimitação da terra indígena. 129 0,0000
Delimitadas Terras que tiveram os estudos aprovados pela Presidência da Funai, com a sua conclusão publicada no Diário Oficial da União e do Estado, e que se encontram na fase do contraditório administrativo ou em análise pelo Ministério da Justiça, para decisão acerca da expedição de Portaria Declaratória da posse tradicional indígena. 38 2.307.660,9105
Declaradas Terras que obtiveram a expedição da Portaria Declaratória pelo Ministro da Justiça e estão autorizadas para serem demarcadas fisicamente, com a materialização dos marcos e georreferenciamento. 66 4.535.583,0971
Homologadas Terras que possuem os seus limites materializados e georreferenciados, cuja demarcação administrativa foi homologada por decreto Presidencial. 14 531.917,0096
Regularizadas Terras que, após o decreto de homologação, foram registradas em Cartório em nome da União e na Secretaria do Patrimônio da União. 426 104.588.473,4229
  Totais 544 111.963.634,4401

Interditadas

(Portarias de Interdição)

Áreas Interditadas, com restrições de uso e ingresso de terceiros, para a proteção de povos indígenas isolados. 6 1.084.049,0000

RESERVAS INDÍGENAS

A União poderá estabelecer, em qualquer parte do território nacional, áreas destinadas a posse e ocupação pelos povos indígenas, onde possam viver e obter meios de subsistência, com direito ao usufruto e utilização das riquezas naturais, garantindo-se as condições de sua reprodução física e cultural.

Para constituição das Reservas Indígenas, adotam-se as seguintes etapas do processo de regularização fundiária:

FASE STATUS QTDE SUPERFÍCIE (ha)
Encaminhadas com Reserva Indígena (RI) Áreas que se encontram em procedimento administrativo visando a sua aquisição (compra direta, desapropriação ou doação). 15 60.004,9061
Regularizadas Áreas adquiridas que possuem registro em Cartório em nome da União e que se destinam a posse e usufruto exclusivos dos povos indígenas, incluindo-se a área Dominial. 36 64.429,4061
  Total 51 124.434,3692

Dentre as Terras Indígenas demarcadas, 98% estão localizadas na Legal, e as restantes (2%) estão espalhadas pelas regiões Centro-Oeste (com demarcações apenas no estado de Mato Grosso do Sul), , Sul e Sudeste.

Dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de e Estatística (IBGE) mostram que, da população indígena brasileira de 896.917 pessoas, menos da metade, 433.363 indivíduos vivem nos estados da . Mais da metade, 463.554 pessoas vivem nos estados do Centro-Oeste, particularmente no estado do Mato Grosso do Sul, e nos do Nordeste, Sul e Sudeste.

Ou seja, a maioria dos povos indígenas ocupam menos de 2% das TIS já demarcadas ou vivem em situação de risco e vulnerabilidade nas áreas em estudo, sob litígio ou no aguardo de deliberações nas várias fases do processo administrativo de regularização.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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