São nações escravizadas E culturas assassinadas É a voz que ecoa do tambor Chega junto, e venha cá Você também pode lutar E aprender a respeitar Porque o povo preto veio revolucionar.
Cota não é esmola!
Por Iêda Leal
Ao coro de “Cota não é esmola”, canção de Bia Ferreira, completamos neste mês de agosto 10 anos da Lei n. 12.711, a Lei de Cotas, que diz respeito ao ingresso de pretos/as, pardos/as, indígenas e pessoas com deficiência nas universidades e instituições federais de ensino técnico de nível médio.
10 anos depois, o tempo que seria só para avaliar passou por um momento de muita tensão e de organização do Movimento Negro Brasileiro, para defender e dialogar com uma parte fundamental de parlamentares, a fim de evitar o caos.
O Projeto de Cotas tem um grande significado para a população negra no Brasil, e esse gesto de retirar o Projeto de pauta traz um sentimento de vitória, pois sabemos da importância que essa Lei tem para a vida de cada um/a que sofre diariamente com a desigualdade racial, estrutural e financeira.
É importante que essa Lei, que abre portas e possibilita caminhos para romper com a desigualdade estrutural que nossos/as jovens sofrem diariamente, seja mantida. É a possibilidade de mudar o cenário que os/as priva de melhores posições no mercado de trabalho e em muitos dos espaços públicos.
Devemos continuar a busca para termos Cotas em todos os espaços possíveis, pois o Brasil precisa ter um projeto que possa reparar o grande crime contra a população negra ao longo dos quase 400 anos de escravidão, período em que o povo negro foi submetido a inúmeras violações dos direitos humanos. Um período escravocrata que se arrasta hoje pelos nossos dias. O Estado Brasileiro tem a obrigação de reparar esse crime.
Pedir perdão… O bicentenário da independência será um grande momento para o reconhecimento e a valorização do Povo Negro. Coragem, Brasil!
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana do mês. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN Linda Serra dos Topázios, do Jaime Sautchuk, em Cristalina, Goiás. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo de informação independente e democrático, mas com lado. Ali mesmo, naquela hora, resolvemos criar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Um trabalho de militância, tipo voluntário, mas de qualidade, profissional.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome, Xapuri, eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás de grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, praticamente em uma noite. Já voltei pra Brasília com uma revista montada e com a missão de dar um jeito de diagramar e imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, no modo grátis. Daqui, rumamos pra Goiânia, pra convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa para o Conselho Editorial. Altair foi o nosso primeiro conselheiro. Até a doença se agravar, Jaime fez questão de explicar o projeto e convidar, ele mesmo, cada pessoa para o Conselho.
O resto é história. Jaime e eu trilhamos juntos uma linda jornada. Depois da Revista Xapuri veio o site, vieram os e-books, a lojinha virtual (pra ajudar a pagar a conta), os podcasts e as lives, que ele amava. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo a matéria.
Na tarde do dia 14 de julho de 2021, aos 67 anos, depois de longa enfermidade, Jaime partiu para o mundo dos encantados. No dia 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com o agravamento da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
É isso. Agora aqui estou eu, com uma turma fantástica, tocando nosso projeto, na fé, mas às vezes falta grana. Você pode me ajudar a manter o projeto assinando nossa revista, que está cada dia mió, como diria o Jaime. Você também pode contribuir conosco comprando um produto em nossa lojinha solidária (lojaxapuri.info) ou fazendo uma doação via pix: contato@xapuri.info. Gratidão!
Zezé Weiss
Editora
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de TODOS os cookies.
Este site usa cookies para melhorar a sua experiência enquanto navega pelo site. Destes, os cookies que são categorizados como necessários são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Esses cookies serão armazenados em seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de cancelar esses cookies. Porém, a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Os cookies funcionais ajudam a realizar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.
Os cookies de desempenho são usados para compreender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a fornecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.
Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre as métricas do número de visitantes, taxa de rejeição, origem do tráfego, etc.
Os cookies de publicidade são usados para fornecer aos visitantes anúncios e campanhas de marketing relevantes. Esses cookies rastreiam visitantes em sites e coletam informações para fornecer anúncios personalizados.
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para o funcionamento adequado do site. Esses cookies garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site, anonimamentey.