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Personalidade

Personalidade

Um texto de Clarice Lispector 

Existem dois tipos de personalidade, os introvertidos e os extrovertidos.  O primeiro tipo é o da criatura cujos interesses estão voltados para dentro de si mesmo. Pertencem a ele, geralmente, as pessoas sem grandes responsabilidades, sonhadoras, expectadores e não participantes da vida.

Os extrovertidos têm seus interesses em objetos e ações externas, geralmente são criaturas que lutam para viver tendo outros sob sua responsabilidade, são ativas, dirigentes.

O ideal é o meio-termo, o equilíbrio entre o sonho e a realidade, entre a vida prática, externa, e o profundíssimo mundo interior. Aqui estão algumas sugestões para o desenvolvimento do equilíbrio de sua personalidade:

  • Procure variar e ampliar suas atividades. A limitação de interesses torna você própria limitada;
  • Tome decisões com firmeza e confiança. A indecisão é a pior coisa do mundo;
  • Modifique as opiniões próprias quando as razões que lhe apresentaram sejam justas e convincentes. A teimosia sem fundamento é sinal de pouca inteligência;
  • Procure rir, ser alegre. O riso faz bem à saúde e aumenta a simpatia;
  • Não remoa suas raivas, que isso lhe faz mal. É muito natural que sinta raiva, vez ou outra, apenas não controle, deixe-se explodir para se ver livre dela;
  • Não cultive com exagero o amor próprio e o orgulho. A admiração e o respeito alheios não podem ser exigidos, mas devem ser conquistados;
  • Estude, procure instruir-se interessando-se por toda espécie de leituras.

Com essas qualidades, você será você mesma, adquirirá autoconfiança, e, para sua própria surpresa, as vitórias se tornarão muito mais fáceis.

Clarice Lispector (in memoriam) – em “Correio Feminino”. Organização Aparecida Maria Nunes. Editora Rocco, 2006.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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