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MÃE BETH DE OXUM: SOMOS UM QUILOMBO URBANO

MÃE BETH DE OXUM: SOMOS UM QUILOMBO URBANO

Mãe Beth de Oxum: Somos um quilombo urbano que não cabe na branquitude do Estado brasileiro

Mãe Beth de Oxum, ialorixá, cuidadora, comunicadora, cantora, percussionista, educadora, mestra da cultura popular

Por Pedro Stropasolas/ Brasil de Fato

As tantas mulheres em uma só nasceu na periferia de Olinda (PE) e vem deixando um legado para o movimento negro, cultural e para a matriz africana do estado e, porque não, de todo país.

Em entrevista exclusiva para o programa Bem Viver, ela fala sobre sua trajetória, inspirações e a importância de manifestações culturais típicas do povo negro para o Brasil, como o coco de roda, o maracatu, o cavalo marinho e o afoxé. 

“Eu sou do Candomblé. Somos um quilombo urbano, somos povos originários e uma comunidade religiosa que envolve muita gente e que não cabe na branquitude no Estado brasileiro, porque traz valores civilizatórios muito divergentes, do cuidar e do proteger”, aponta.

“Os terreiros são um dos lugares que mais acolhem a diversidade e cuidam da natureza. A Terra é a nossa mãe e não pode ser tratada como é, negociada e vendida. A natureza é sagrada, não é uma forma de produção”, completa.

Em agosto, Maria Elizabeth Santiago de Oliveira conquistou um feito inédito ao se tornar a primeira Ialorixá a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural.

Ela analisa a conjuntura do país em meio ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e o risco que ele representa para diversas populações.

“A gente precisa trazer o país de volta, nos roubaram esse país, e se traz de volta com atitudes como essa, valorizando os povos originários, as mulheres negras, a periferia, a juventude”.

“É muita morte. Não dá mais, a gente precisa de vida, a gente precisa de celebração, de festa, de respeito à diversidade, de axé”, completa.

Na conversa com o Brasil de Fato, a ialorixá também contou sobre seu trabalho no campo da educação, em especial dos cursos de programação de games para a juventude negra, como o Contos de Ifá, que trata da mitologia afro-brasileira. 

“A gente está possibilitando aqui uma nova narrativa nas tecnologias. Potencializar essa mulher preta também a dominar a tecnologia, porque não vai ser só o macho branco e rico e jovem que vai dominar. A gente vai estar disputando essa narrativa”, aponta.

Confira a entrevista completa:

Brasil de Fato: Mãe Beth, conte para gente um pouco de sua trajetória e origens. Como você, a partir da música, se tornou cuidadora, uma ialorixá e patrimônio de Pernambuco? 

Mãe Beth de Oxum: No lugar onde eu moro, aqui no Guadalupe (Olinda), no lugar onde a gente cresceu, aqui na barreira do Rosário, ao lado do Pilão, essa periferia aqui do centro histórico é muito rica culturalmente. A cultura, as brincadeiras populares, literalmente passam na porta, são do lado da sua casa.

Eu tive a oportunidade de ser vizinha de dona Selma do coco, dona Aurinha do coco, eu morei no Amaro Branco também quando muito criança, convivendo com todo o celeiro da cultura popular. Saí nos grandes blocos de frevo, fui uma das primeiras mulheres a tocar Maracatu, que não era uma coisa permitida para as mulheres, quando tinha lá meus vinte anos. A relação com a arte, a cultura, se dá a partir do território mesmo, território cultural, a cada casa a gente tem um brinquedo, a cada casa a gente tem um boneco gigante, aqui na minha rua todas as casas tem um boneco gigante, é simbólico.

Eu moro em uma rua aqui que é o Beco da Macaíba, é um beco, a extensão dela é a Rua do Pilão, é a barreira do Rosário, então são muitas tapioqueiras, uma iguaria que é patrimônio cultural de Olinda, bonequeiros, costureiras do Carnaval.  Então, eu estou nesse cenário desde criança, o coco vem na relação familiar, com o mestre Quinho, ele e nossos filhos, foi dos avós, dos bisavós, a gente teve a atitude de resgatar o brinquedo e voltar a fazer a brincadeira depois que os mestres morreram aqui na comunidade. 

Eu fui percussionista quase dez anos da Lia de Itamaracá, quando jovem também, fui percussionista da Dona Selma do Coco, eu dei um rolê com essas mulheres negras lindas, maravilhosas, divas da cultura popular de Pernambuco e graças a elas me tornei uma também, digamos fazendo disso escola.

Eu posso dizer que as minhas grandes mestras foram elas, as filhas do grande mestre Baracho, Dona Dulce, Dona Bil, Dona Aurinha do Coco, Dona Selma do Coco, Mãe Lúcia de Oya, Lia de Itamaracá, as ialorixás mais velhas daqui de Olinda. Ou seja, convivendo com os terreiros, com essas mestras do coco, porque essa é a escola. A minha relação se deu a partir daí, até eu me tornar uma mestre da cultura popular.

Passo a ter o coco na minha família e na comunidade e já fazem vinte e cinco anos de brincadeira.

Eu agradeço a Deus, aos orixás, a Jurema Sagrada, a espiritualidade, aos artistas, aos mestres, que de uma forma ou de outra possibilitaram esse aprendizado. Eu me tornar um patrimônio vivo no momento em que o país passa por essa situação dos ministros serem escolhidos ou ministras serem escolhidas e empossadas por serem terrivelmente evangélicos.

Nós termos uma ialorixá como patrimônio vivo é muito relevante e é um sopro de esperança neste país. Nós precisamos trazer o país de volta, nos roubaram esse país, e se traz de volta com atitudes como essa, valorizando os povos originários, as mulheres negras, a periferia, a juventude, é essa pegada. 

Quais os valores do candomblé e como eles se relacionam com seu modo de fazer política? 

Eu sou do candomblé. Os terreiros aqui, eles são fortes. Nós somos quilombos urbanos, nós somos dos povos originários que ocuparam as cidades. Os terreiros de matriz africana são comunidades religiosas que envolvem muita gente, que tem uma relação que, muitas vezes, não cabe na branquitude desse estado brasileiro. Porque traz valores civilizatórios muito diferentes.

O terreiro é o lugar que mais acolhe a diversidade de gênero, de raça e religiosidade

Por exemplo, a terra está doente, convulsionando agora, por conta dessa forma perversa com que a maioria dos homens, os “poderosos”, ricos, héteros, brancos, vem tratando a mãe terra, confinando e criando animais de forma completamente inóspita, que a ciência denuncia há décadas. Nos terreiros são outros valores. A gente canta o tempo inteiro, canta para água, para o vento. O vento para a gente é sagrado, a mata é sagrada. 

Então, é outro valor, não é a macroeconomia com o seu peso, com seus impostos, com essa desgraça que virou a vida na terra. Por conta desse peso de você produzir, produzir, produzir, consumir, consumir, consumir. E não ter uma relação espiritual.

Os nossos povos não cabem nos valores dessa branquitude, dessa elite. É por isso que é tudo tão intolerante, é por isso que o Estado instrumentaliza a legislação para nos perseguir.

Agora vamos entrar no campo da Mãe Beth como educadora. O teu trabalho e a tua dedicação para possibilitar a formação da juventude negra, especialmente na área da tecnologia.  Conte um pouco sobre esse legado.

Eu sou educadora voluntária há 20 anos da escola municipal Maria da Glória Advíncula, aqui em Olinda (PE). Estou sempre fazendo atividades nessa escola desde que meus filhos eram pequenos, minhas filhas eram pequenas, e estudavam lá. Levando coco, levando a cultura, tirando essa coisa da cultura ser só no dia do folclore e no dia 20 de novembro fazer um debate só sobre a Consciência Negra.

A Consciência Negra tem que discutir todos os dias, constantemente nas atividades da escola. Discutir a cultura, praticar e tirar a cultura desse lugar distante. Fazer a roda dentro da escola, ter outras metodologias, fazer todo mundo se olhar. Isso foi feito ao longo de muito tempo.

Também temos uma ação em tecnologia aqui. Foi a partir daqueles tabletzinhos, que o governo do estado ofertou para os alunos há uns 10 anos atrás. Eles não podiam usar na escola, a escola não estava instrumentalizada para usar esses tablets. Professores, diretores, até hoje, mas imagina em 2010. Então esses tablets ficaram subutilizados.

O racismo estrutural está impregnado na alma da sociedade, nos pilares das instituições, e a gente precisa quebrar isso cotidianamente

A maioria dos meninos aqui da comunidade do Beco estuda em escola pública e trouxeram porque a escola não sabia lidar com isso. Então, a gente foi à escola, propôs usar o laboratório, ligar os computadores e fazer a co-gestão da escola, fazer uma escola diferenciada.

Professores, diretores, alunos, conselho escolar e pais juntos. Mas a escola não estava preparada para essa mudança, para essa revolução interna, não topou, então a gente fez no terreiro. 

Desenvolvemos o game Contos de Ifá. Pegamos a juventude negra, que são nossos filhos, nossos netos, filhos e netos da comunidade, e resolvemos fazer.

Eu tinha dois filhos que eram desenvolvedores de games, a gente pegou e trocou o software dos jogos. Em vez de ser o software proprietário, que foi vendido a licença, a gente botou um software livre e começou a desenvolver tecnologia. Porque a dificuldade eram os instrumentos, não tinham equipamentos.

Estamos possibilitando uma nova narrativa nas tecnologias

A primeira etapa foi a de Exu. Depois Ogum, Oxóssi, Obaluaê, Iansã. Começamos a desenvolver com alunos da escola pública aqui mesmo, dentro do terreiro, um game roteirizado com a mitologia afro-brasileira, trazendo as histórias que não nos foram contadas. Desenvolvemos um método.

Hoje, a gente está com três universidades aqui, a Universidade Federal de Pernambuco, a Universidade Católica de Pernambuco, com o professor Lula Pinto, a Universidade Uniaeso, com Sandra Helena, e vários outros professores, trocando metodologia. Há dez anos nessa perspectiva, de que o método que a gente desenvolve, a oralidade, a contação de histórias, ele se aplica a qualquer cultura 

Ao mesmo tempo a gente quebra com o preconceito contra a intolerância religiosa, acessa os nossos jovens negros, aqui da periferia, a se apropriarem da tecnologia. Porque quem é que está dominando a tecnologia? Os filhos da elite branca.

É o que temos que contrapor, porque eles estão se apropriando da tecnologia para fazer fake news, eleger presidente fascista. Temos que entrar nessa matrix. A gente está possibilitando aqui uma nova narrativa nas tecnologias.

Mãe Beth, e em relação a luta das mulheres negras, você se vê como uma referência?

Eu sou mãe de muitas filhas, né? Eu me vejo auxiliando nessa perspectiva do enfrentamento ao racismo.

Temos um um país extremamente racista. O racismo estrutural está impregnado na alma da sociedade, nos pilares das instituições, e a gente precisa quebrar isso cotidianamente.

Por exemplo, a gente colocou o brinquedo na rua, que estava parado há trinta anos, a brincadeira do coco. Juntei a família, a escola, a comunidade, vamos pra rua e fazer da frente da casa o nosso palco, vamos fazer da nossa comunidade nosso palco. Vamos fazer a comunidade mais do nosso jeito, mais cultural, mais afro-brasileira. Mas aí enfrenta tantos problemas, você enfrenta a polícia. 

O Estado não sabe lidar, ele não quer saber lidar com essa realidade do diferente. A cultura, ela mexe muito com as pessoas, ela joga luz no mundo diferente, na diversidade.

Fazer coco, mobilizar as pessoas na rua, trazer alegria. Olha isso é um perigo! Possibilitar que o nosso povo, que as nossas comunidades, tenham alegria em vez de tiro. Ao invés de polícia pacificadora, ter alegria, arte, cultura, ter a ressignificação dos territórios culturais. 

É a arte e a cultura que podem reencantar a humanidade

É uma transformação muito de dentro para fora. Eu participei de Medellín, lá no começo do processo dos Pontos de Cultura, em 2005 e 2006, com a América Latina inteira. Um programa importantíssimo de cultura, educação e cidadania. Foi tolhido, mas deixou um caldo. Nós somos um produto de diversas outras redes. 

Cultura viva articulou redes, a gente possibilitou entender a rádio como um instrumento de poder dentro da comunicação. Eu acredito que a gente vive num país em que a representação é colocada muito em xeque o tempo inteiro.

Cadê o povo preto? Cadê as mulheres? Cadê as mulheres negras? Cadê a periferia? Cadê o Nordeste? Cadê a Cultura? Cadê a TV da Cultura? Cadê a TV do povo de axé? Tá cheio de TV do povo da igreja, mas cadê a do povo de Axé? Cadê a regionalização da produção do conteúdo? Cadê a arte e a cultura para reencantar? Porque é só arte e a cultura mesmo, a política desencantou. É a arte e a cultura que podem reencantar a humanidade. Eu acho que a gente vai tomar nosso país de volta sim com a arte e com a cultura, do Oiapoque ao Chuí.

O Norte e o Nordeste tem muito axé, tem muito dendê sabe? A cultura é muito forte. Isso é muito importante. A gente vai conseguir articular todas as regiões com a cultura e a arte, para dar outro sentido.

Da pirâmide para baixo, é outra história, é outro país, é outro movimento, e a gente não vai abrir mão.

Se combinaram de nos matar, a gente combinou de não morrer. E a gente está aqui firme e forte agradecendo a Deus, aos santos, aos orixás, a Jurema, e a todos os sagrados, porque a gente tem que respeitar o sagrado do outro.

Empatia é a palavra de ordem, no mundo e no Brasil. Se colocar no lugar do outro. Por isso que esse genocida tem que sair,  porque ele não tem empatia nenhuma. E a gente precisa de governo e de pessoas, de lideranças, com empatia, para se colocar no lugar do outro, vestir a pele do outro e da outra.

É muita morte. Não dá mais, a gente precisa de vida, a gente precisa de celebração, de festa, de respeito à diversidade, de axé. Força espiritual, a natureza mandando a energia que equilibra. É isso que a gente precisa, valores civilizatórios.

Ninguém pode ser escarnecido, humilhado, vilipendiado pela sua fé

Não é religião, religião quem chama é o branco colonizador. A gente é um povo que tem valores civilizatórios. E a essência desse valor é o respeito à natureza, o respeito à diversidade e a resiliência, a empatia. 

Então vamos ter axé, ter respeito à diversidade, respeitar a religiosidade do outro, ninguém pode ser escarnecido, humilhado, vilipendiado pela sua fé. Está lá na Constituição, isso tem que ser respeitado.

Não se pode fazer proselitismo religioso, não se pode empossar ministro por ser terrivelmente evangélico. A gente não precisa de nada terrivelmente, muito menos evangélico. Lavra, vamos botar pra fora, fora Bolsonaro, fora todo opressor, sabe? Que se utiliza das mídias para fazer proselitismo religioso, enganar o povo brasileiro, para colocar medo, pavor, terror e trazer um falso sagrado. 

Nosso pai Xangô, que é um orixá da justiça, que possa trazer essa justiça preta que não cabe dentro dessa branquitude brasileira, com seus dois machados, para cortar a carne de quem há quinhentos anos nos esconde. Nós estamos aqui, e viemos para ficar!

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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