Olhos d'água

Olhos D’Água: Vem aí a 1ª Mostra Brasileira de Arte Autoral

Olhos D’Água hospeda encontro com Artes e Artistas de diferentes regiões do Brasil, todos autores, criadores e gestores do seu próprio fazer Arte.

A 1ª Mostra Brasileira de Autoral tem por objetivo reunir os diversos movimentos artísticos autorais que fazem a cena contemporânea brasileira atual e que, na sua maioria, se encontra fora da indústria cultural.

Em Olhos D’água, durante o Encontro se apresentarão desde sapateadores e brincantes do Ceará, à dança contemporânea de Goiânia, a músicas brasilienses e pirenopolinas… Também haverá exposição de  fotos e apresentações de grupos teatrais do Centro-Oeste, além das literaturas e artes plásticas (exposição “Imemoria”) de e .

Serão diversas atividades gratuitas dentre shows musicais, apresentações teatrais, dança e sapateado, filmes de curta-metragens, artes visuais, rodas de conversas com o público e oficinas ministradas pelos próprios artistas, criadores de sua Arte.

Contemplado pelo Fundo de do de , a Mostra de Arte Autoral trará mais de 20 artistas brasileiros para o charmoso vilarejo de Olhos D’Água (Alexânia, Goiás), em quase 40 horas de programação destinada ao público adulto e infantil.

Agora, o pacato povoado de Olhos D’Água, que já é famoso pela qualidade do artesanal de seus “nativos”, como a maga das palhas Fatinha Bastos e o ceramista Lourenço ; pela Feira Troca, que acontece desde o ano de 1974 duas vezes por ano, levando para o vilarejo quase dez mil pessoas, passa a ser referência também para a arte autoral.

ANOTE AÍ:

O QUE?  1a Mostra Brasileira de Arte Autoral

ONDE? Olhos D´Água – Distrito de Alexânia – Goiás

QUANDO? De 03 a 06 de Novembro de 2016

COMO CHEGAR?  Vindo de Brasília ou Goiânia pela BR-060, chegar ao município de Alexânia. De lá, pegar a estrada asfaltada para o povoado de Olhos D´Água, localizado a cerca de 10 Km da sede do município de Alexânia. Embora o do povoado seja muito hospitaleiro, há dificuldade para alojar um grande número de pessoas. Uma solução é reservar hotéis e pousadas em Alexânia, ou nos hotéis-fazenda da região.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA:  www.mostradearteautoral.com

FACEBOOK:  arteautoral

Mostra Arte Autoral Olhos d'Agua

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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