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A LENDA DA MUCURA

A Lenda da Mucura 

Um dia a mucura estava morrendo de

– O que será que eu vou comer? – pensou no finzinho da tarde. 

À noite, sentada no alto da árvore, descansando, ela escutou o canto de um jacamin.

– Vou buscar esse bicho pro jantar – falou e foi pro chão, talear entre os arbustos. Foi mexendo, mexendo, até agarrá-lo.

– Tem um nó, mas não tem par – observou.

– Isso daqui é cana de arumã, não são pernas de jacamin… concluiu e soltou! 

O jacamin é uma ave que costuma descansar em pé com uma perna só. Assim ele escapa da mucura, que sempre se engana com isso.

Aqui termina essa .

História da Mucura – Conto creditado a Guiré no Histórias Tuyuka de rir e de assustar. Associação Escola Indígena Utapinopona Bueriwi Aeitu, 2003.  

A mucura, também conhecida como gambá-de-orelha-preta ou saruê, é um pequeno marsupial que desempenha um papel vital no ecossistema. Embora frequentemente confundida com roedores e injustamente vista como praga, a mucura contribui significativamente para o equilíbrio ecológico.

Características e hábitos alimentares

As mucuras são marsupiais, o que significa que as fêmeas possuem um marsúpio, ou bolsa, onde carregam seus filhotes após um curto período de gestação de 12 a 13 dias.

Podendo reproduzir-se até três vezes ao ano, elas geram de 10 a 20 filhotes por vez.

Este alto índice reprodutivo é fundamental para a manutenção da população da espécie, apesar dos inúmeros desafios que enfrentam.

Esses animais não são agressivos e têm uma dieta variada, alimentando-se de ovos, frutas, lagartos e aves.

Ao consumir insetos e pequenos vertebrados considerados pragas para os humanos, como ratos e baratas, as mucuras atuam como controladores biológicos naturais.

Esse papel é crucial para evitar o uso excessivo de pesticidas, contribuindo assim para um ambiente mais saudável e equilibrado.

A LENDA DA MUCURA
Sempre que encontrar um animal silvestre em área urbana, o procedimento apropriado é solicitar o resgate via 190, jamais tentando fazer a captura do animal por conta própria – Foto: Carlos Rocha

Importância ecológica

A LENDA DA MUCURA
Ao consumir insetos e pequenos vertebrados considerados pragas para os humanos, como ratos e baratas, as mucuras atuam como controladores biológicos naturais – Foto: Carlos Rocha

A mucura ajuda a manter o equilíbrio dos ao controlar a população de pragas.

Ao predar animais que podem danificar plantações ou transmitir , esses marsupiais desempenham um papel indispensável na saúde ambiental.

Além disso, ao se alimentarem de frutas, ajudam na dispersão de sementes, promovendo a regeneração de florestas e outros habitats naturais.

Ameaças e

Esse preconceito leva à perseguição e morte desnecessária desses animais.

Além disso, a perda de habitat devido ao e à urbanização representa uma ameaça significativa para suas populações.

Para preservar a mucura, é fundamental promover a e conscientizar a população sobre a importância desse marsupial.

O  que fazer caso encontre o animal em área urbana?

Sempre que encontrar um animal silvestre em área urbana, o procedimento apropriado é solicitar o resgate via 190, jamais tentando fazer a captura do animal por conta própria.
 
Para as operações de resgate, é necessário acionar o Disque 190.
 
A equipe irá até o local recolher o animal que será destinado ao Centro de Triagem de (CETAS), onde ele será tratado e avaliado para que seja feita a soltura na .

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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