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“Não é certo impor religiões cristãs em escolas indígenas!”

“Não é certo impor religiões cristãs em escolas !”

O Estado é laico, não é certo impor religiões cristãs em escolas indígenas! Reflexões de Ana Patte a respeito do Sagrado

Lembrei aqui quando eu era e estudava em uma não indígena perto da aldeia, lá a professora ensinava tudo sobre o catolicismo, nas datas comemorativas de Santos da região, íamos a igreja rezar, uma vez a professora até me vestiu de “nossa senhora Aparecida” porque ela dizia que eu era “morena igual ela” eu não tinha a mínima noção do que acontecia, nem católica eu era, e hoje vejo algumas escolas pregando o cristianismo nas escolas como se essa fosse a única religião, nem a crença indígena que hoje dizem que é “coisa do demônio” eles não falam, mas fazem questão de falar de uma religião só, fazendo com que os alunos participem desta ação religiosa.

Hoje eu entendo que o que minha professora fazia comigo lá no 4 ano do ensino fundamental era errado, e precisamos parar de continuar pregando isso nas escolas, e ainda muito mais em escolas indígenas! Pelo amor!

Deus não ama as religiões, Deus ama as pessoas!
Fonte: Facebook Ana Patte

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Uma resposta

  1. Desde o início da Colonização do Brasil a religião é utilizada como instrumento de dominação dos povos originários. Sua doutrina – que estimula um comportamento servil, passivo, subalterno e obediente – serviu ao propósito colonizatório de abrandar a resistência dos índios à expropriação dos seus territórios. Depois do genocídio, chegou a vez do ETNOCÍDIO que impõe aos índios usos e costumes estranhos à sua cultura, deprecia suas línguas tradicionais e demoniza cultos praticados por seus ancestrais desde tempos imemoriais.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Etnoc%C3%ADdio

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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