Polícia Federal não é mais aparelhada politicamente, diz Dino

Mostramos como atua a Polícia Federal, que não é mais aparelhada politicamente, diz Dino

O ministro da e Pública, Flávio Dino, pontuou que a atuação da Polícia Federal, que deflagrou uma operação para desarticular uma organização criminosa que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades não age de maneira , como foi o tom durante o governo de extrema de Jair Bolsonaro.

Por Mídia Ninja

Com duras críticas por aparelhamento, a Polícia Federal chegou a ter Alexandre Ramagem, amigo íntimo da família Bolsonaro, dias depois de vir a público o conteúdo da reunião ministerial onde o ex-presidente afirmava que “era preciso atuar para interromper ações de investigação contra sua família. Os Bolsonaro respondem na Justiça graves denúncias da prática de peculato, no caso das rachadinhas.

O atual senador e ex-juiz (UB) era um dos alvos, de acordo com a investigação. Sérgio Moro chegou a denunciar o aparelhamento político no alto comando da Polícia Federal realizado pela família Bolsonaro, para que inquéritos não avançassem contra os filhos do ex-presidente, e contra ele próprio.

De acordo com Flávio Dino, assim que soube do plano criminoso, ele contatou imediatamente o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o informou dessa possibilidade, além de determinar que a Polícia Federal se mobilizasse, tendo em vista que a situação se inseria na sua competência pelo fato de ter uma repercussão interestadual, à luz do artigo 144 da Federal.

“Quando há uma repercussão internacional ou interestadual de um ilícito, a Polícia Federal pode e deve atuar. Esta foi a razão pela qual determinei há aproximadamente 45 dias, que a Polícia Federal acompanhasse esses eventos, ou essas possibilidades, ou esses indícios. Ao longo do da Polícia Federal, trabalho sério que eu quero mais uma vez homenagear, houve a identificação de que esses indícios eram consistentes por intermédio de vários procedimentos de investigação, que, obviamente, neste momento não podem ser revelados”, afirmou Flávio Dino.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade da autora.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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