Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Para sempre, Luiza Bairros!

Para sempre, Luiza Bairros!

Estivesse ainda presente no espaço físico deste mundo, Luiza Helena de Bairros, a mulher negra que me inspirou e inspira, teria completado 70 anos no último dia 27 de março.

Por Iêda Leal

A ela devo incontáveis lições de vida, de consciência e de militância. A ela devo o exemplo do compromisso com o , com as lutas contra o , o sexismo e contra todas as formas de violação de direitos. A ela devo a coragem para, como no meu momento presente, esperançar como servidora pública na defesa da Igualdade Racial.

Por essa razão, compartilho aqui uma pequena parte da biografia de Luiza Bairros. Oxalá o exemplo vibrante da luta de Luiza possa inspirar muitas outas a fazer valer suas vozes e seus direitos pelos tempos presentes e futuros.

Luiza Helena de Bairros nasceu no dia 27 de março de 1953 em Porto Alegre (RS), filha do militar Carlos Silveira de Bairros e da dona de casa Celina de Bairros. 

Formou-se em Administração, com Mestrado em Ciências Sociais e Doutorado em Sociologia, e foi uma grande intelectual ativista do Movimento Negro, de Mulheres Militantes históricas do Movimento Negro Unificado (MNU), sendo a primeira coordenadora nacional do MNU. 

A partir de então, iniciou sua militância no Grupo de Mulheres do MNU. Participou ativamente das principais iniciativas do movimento em todo o .

Em 2011, foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir). Durante sua passagem pelo governo federal, entre 2011 e 2014, foi responsável por criar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), cujo objetivo era implementar voltadas a proporcionar à população negra igualdade de oportunidades e instâncias de combate à discriminação e à intolerância.

Luiza Bairros faleceu em Porto Alegre no dia 12 de julho de 2016. Mas sua passagem neste plano influenciou gerações e gerações de mulheres e homens negros que vieram a ser ativistas da luta racial no Brasil. 

Seu legado permanece na luta contra o racismo e o sexismo.

Para sempre, Luiza Bairros!

ieda lealIêda Leal – Conselheira da e Secretária de Gestão do Sistema de Promoção da Igualdade Racial no Ministério de Igualdade Racial. 

 

 

Foto: Divulgação / Agência Brasil (EBC).

[smartslider3 slider=43]

Respostas de 2

  1. TENHO ORGULHO DE VOCÊS, SÓ FICO TRISTE POR NÃO PODER AJUDAR, GANHANDO SOMENTE UM SALÁRIO MÍNIMO E PAGANDO 500,00 REAIS DE ALUGUEL, NÃO TENHO NEM PRAS COISAS BÁSICAS PARA VIVER COM DIGNIDADE… MEUS PARABÉNS COMPAMIGOS, FORÇA E CORAGEM, TEMOS DE SOBRA…

    1. Querida Regina, é uma honra ter você como parceira de luta. Não se preocupe conosco, cuide você. Por aqui, a gente vai esperneando, a gente vai rompendo. Um beijo. Zezé.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA