Plataforma reúne pesquisas sobre o semiárido brasileiro, duramente atingido pelas mudanças climáticas

Plataforma Semiáridos e a Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG) lançarão a Biblioteca Semiáridos América Latina (SAL) no dia Mundial do .

Por Mídia Ninja/Redação

Na próxima segunda-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), a Plataforma Semiáridos e a Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG) lançarão a Biblioteca Semiáridos América Latina (SAL). A iniciativa inédita será apresentada durante um evento virtual, às 14h, com transmissão ao vivo pelo Zoom, com tradução simultânea, ou pelo canal oficial da ASA no YouTube. Na ocasião, também estarão presentes representantes do Fundo Internacional de Agrícola (Fida/ONU) e do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina.

A Biblioteca SAL reúne materiais bibliográficos e multimídia em português, espanhol e inglês, que são resultados de pesquisas científicas, sistematizações de experiências e tecnologias sobre as regiões do Grande Chaco Americano, do Corredor Seco Centro-americano e do Semiárido brasileiro. Os arquivos estão organizados em oito coleções (Acesso à e Territórios; Agrobiodiversidade; Energia Sustentável; Meio Ambiente; Clima e Mudanças Climáticas; Organização Social e Econômica; Políticas, Programas e Projetos; , e ) e podem ser acessados gratuitamente.

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Foto: Imagem/reprodução

O repositório aberto e permanentemente em atualização surgiu diante do desafio de reunir e organizar os conhecimentos e informações sobre os semiáridos latinoamericanos. A SAL também busca dar visibilidade às várias estratégias e tecnologias desenvolvidas pelos dos semiáridos para se adaptarem às mudanças climáticas e conviverem em harmonia com seus ambientes.

“A gente vem olhando para os semiáridos e toda a sua produção e gestão do conhecimento, que circula tanto no semiárido brasileiro, como nos outros semiáridos da América Latina. Isso fez com que a gente percebesse um patrimônio no campo da construção e gestão do conhecimento”, afirma Glória Batista Araújo, integrante da coordenação executiva da ASA.

Durante o evento de lançamento, os convidados vão explicar como a Biblioteca SAL pode, além de apoiar os processos de ensino e aprendizagem por meio do acesso ao conhecimento, potencializar o intercâmbio de conhecimento entre instituições. Dessa maneira, a plataforma agrega a produção científica de muitos institutos de pesquisas, universidades e organizações civis que produzem, mas que até então estavam dispersos.

A iniciativa da ASA e seus parceiros, que foram responsáveis pela criação da SAL e que estarão no comitê gestor da biblioteca, também visa otimizar os em pesquisa e contribuir com a elaboração de indicadores da produção científica e tecnológica na América Latina.
A transmissão ao vivo pelo canal da ASA no Youtube pode ser acessada pelo link: https://youtube.com/live/bjEwP-5vh1Y?feature=share.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: Estêvão Lima Arrais/Wikimedia. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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