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Tarcísio comemora privatização da Sabesp, mesmo após violência policial e votação sem oposição

Tarcísio comemora privatização da Sabesp, mesmo após policial e sem oposição

Informações não confirmadas indicam que Vivian Mendes, Hendryll Luis e Lucas Carvente estariam sendo mantidos presos nas dependências da Assembleia Legislativa.

Por Redação/Mídia Ninja

Uma onda de marcou a noite de quarta-feira (6) na Assembleia Legislativa do de (Alesp), quando foram presos três militantes durante uma manifestação pacífica contra a aprovação do 1501/23, que propõe a privatização da Sabesp. Entre os detidos estão Vivian Mendes, presidente da Unidade Popular (UP), Hendryll Luis, da União da Juventude Revolucionária (UJR), e Lucas Carvente. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, comemorou o resultado da votação.

Informações não confirmadas indicam que Vivian Mendes, Hendryll Luis e Lucas Carvente estariam sendo mantidos presos nas dependências da Assembleia Legislativa. A NINJA tenta contato com o advogado que está auxiliando os militantes.

O cenário de protesto ganhou contornos de arbitrariedade por volta das 19h, quando a Polícia Militar conduziu uma ação truculenta dentro da Alesp, resultando na prisão de líderes políticos que vinham exercendo seu direito democrático de expressão.

A prisão de líderes levanta preocupações sobre o respeito aos direitos civis e políticos, bem como sobre o uso da força em resposta a manifestações pacíficas. O incidente ocorreu em meio a debates sobre a privatização da Sabesp, e a ausência dessas vozes durante a votação do PL 1501/23 destaca a controvérsia em torno do processo legislativo.

Apesar do cenário caótico e com o ar-condicionado do plenário desligado após ter sido contaminado com gás de pimenta, a aprovação do projeto seguiu adiante com uma margem expressiva de 63 votos a favor e apenas 1 voto contrário, enquanto a oposição estava detida.

“A UP e a UJR convocam seus apoiadores para se manifestarem em favor da liberação dos detidos, intensificando a pressão sobre a legalidade das detenções e sobre a aprovação do projeto”, afirma o comunicado divulgado nas da Unidade Popular.

O presidente do Sintaema, José Faggian, e diversos diretores estavam no plenário e também foram alvos da truculência da PM. A galeria foi esvaziada pela polícia causando tensão generalizada nos manifestantes.

“Hoje, a base de Tarcísio na Alesp conseguiu aprovar a autorização para vender a Sabesp com sangue nas mãos. Aprovaram a venda da Sabesp à base do cassetete, base do spray de pimenta, sob uma violência que nunca foi vista naquela casa”, criticou o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), citado pela Hora do Povo.

“Eles votaram a privatização expulsando todo do Plenário, batendo na população sem ouvir e, pior, com nenhum deputado governista com coragem de explicar o porquê que eles querem privatizar a Sabesp. Não tem argumento, eles não conseguem argumentar, eles estão vendendo puramente pelo dinheiro e pela ganância”, destacou.

“Nós precisamos continuar mobilizados, continuar forte porque a luta não acabou. Vamos resistir à venda da Sabesp em todos os municípios. Todas as , todas as escolas, todas as comunidades… Nós vamos barrar a privatização da Sabesp”.

Em 2022, a  Sabesp registrou um lucro líquido de 3 bilhões de reais. Fundada em 1973, a Sabesp possui um valor de mercado de R$ 46,56 bilhões e, no segundo trimestre de 2023, alcançou um lucro líquido de R$ 743,7 milhões, representando um aumento significativo de 76,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Suas ações valorizaram-se em 14,81% no último ano. Atendendo a 366 dos 645 municípios do estado de São Paulo, a empresa desempenha papel crucial no fornecimento de água e .

Fonte: Mídia Ninja. Foto de capa: divulgação.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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