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MPF arquiva denúncia sobre compra de fazenda em refúgio de ararinhas-azuis

MPF arquiva denúncia sobre compra de fazenda em refúgio de ararinhas-azuis

O órgão não identificou “indícios de atividade criminosa ou ímproba” no processo trabalhista.

Por Aldem Boursheit/O Eco

O Ministério Público Federal (MPF) arquivou a denúncia da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS) envolvendo a venda de uma fazenda num refúgio de ararinhas-azuis para encerrar um processo sobre dívidas trabalhistas.

A entidade pediu a suspensão da compra do imóvel, questionou a fonte do dinheiro, a correção do processo e se não houve conflito de interesses na atuação do servidor público licenciado que o adquiriu, mostrou ((o))eco. Ele integra os quadros de uma ong ligada à conservação da ave e da Caatinga.

“Não se identifica, a partir da análise das provas trazidas aos autos, indícios de atividade criminosa ou ímproba no âmbito do processo trabalhista mencionado, não havendo fundamento legal para o requerimento de  sustação da venda com base na probidade administrativa”, concluiu o MPF.

Como mostramos, o imóvel fica numa área atualmente protegida onde havia sido localizado o último ninho da espécie em vida livre, há pouco mais de duas décadas, quando foi declarada extinta. Desde meados do ano passado, exemplares da ave são reintroduzidos naqueles ambientes naturais. 

Aldem Boursheit Biólogo e Jornalista. Fonte: O Eco. Foto de capa: ACTP / Divulgação.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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