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UNIDADE NECESSÁRIA PARA COMBATER A EXTREMA-DIREITA

Seminário debate unidade necessária para combater a

Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam seminário conjunto que reúne mais de cem organizações para debater unidade contra avanço da extrema-direita e calendário de lutas

Por Murilo da Silva/Portal Vermelho

Os desafios da atual conjuntura foram debatidos nesta segunda-feira (5), no Seminário Conjunto das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, realizado em São Paulo (SP), no Espaço Cultural Elza Soares, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Na mesa de abertura, João Paulo Rodrigues, coordenador do MST, pontuou a importância de ajustar o calendário de mobilização para o ano: “[Vamos] discutir planejamento e as tarefas do campo político representada por mais de 100 organizações do movimento sindical, popular, do campo e da cidade que estão aqui”, colocou.

Entre as datas que as frentes organizam ações, estão:

  • 22 a 24 de fevereiro:  jornada latino-americana anti-imperialista em Foz do Iguaçu;
  • 8 de março: Dia Internacional da Mulher;
  • Março das mobilizações dos atingidos por barragem;
  • Abril de Lutas: mobilização no campo, dos sem-terra aos ;
  • 1 de maio: Dia do Trabalhador;
  • 5 de junho: Mobilização mundial convocada pela Via Campesina Internacional para combate às mudanças climáticas;
  • 20 de maio pela libertação do ativista Julian Assange;
  • Junho a outubro: campanha eleitoral;
  • 18 e 19 de novembro – G20 no Rio de Janeiro.

O vice-presidente nacional da CTB, Ubiraci Dantas “Bira”, na sua intervenção, destacou a vitória de Lula nas eleições 2022, mas lembrou que é preciso manter a mobilização.

“Tivemos o primeiro embate político. Vencemos. Foi uma vitória muito significativa para o povo brasileiro. Eles estavam com tudo na mão, mas não estavam com todo o povo. Conseguimos derrotá-los [bolsonaristas]. E agora a consolidação da democracia está diretamente ligada ao bem-estar do povo. Porque se o povo não estiver bem é um terreno fértil para que o fascismo e a ignorância ganhem espaço em nosso país”, disse.

Na sequência elogiou a nova política industrial anunciada pelo governo, ainda que seja necessário destinar mais recursos para a do que para o setor financeiro, como ainda acontece, colocou Bira.

Estiveram ainda na abertura, Marina Amaral da Frente Povo Sem Medo e Sergio Nobre, presidente da CUT.

Análise de conjuntura

Após a abertura foi realizada uma mesa para analisar a conjuntura atual. O ex-ministro José Dirceu salientou que nas eleições municipais de 2024 a correlação de forças está contra a esquerda devido ao poder econômico que a direita tem e a força que exerce nas prefeituras e câmaras municipais, sem contar a unidade que encontram quando se trata de combater a esquerda.

“A primeira questão nesta eleição é a unidade das forças que estão aqui. Temos que ter clareza que uma derrota eleitoral nossa [nos municípios] vai fortalecer a participação da direita no governo, porque não temos um governo só de centro-esquerda, porque o PP e o Republicanos participam do governo [Lula]. Então temos uma situação muito complexa. A situação do e do governo neste momento exige que consigamos mobilizações populares, caso contrário não muda a correlação de forças no parlamento e no governo, onde está se dando a disputa política”, afirmou.

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Foto: Priscila Ramos/MST

Simone Nascimento do MNU (Movimento Negro Unificado) e da Frente Povo Sem Medo falou sobre a importância em reconhecer as frentes únicas, como a que representa e a Brasil Popular, além de reconhecer o avanço que foi a vitória eleitoral de Lula, mas sem descuidar do .

“[Precisamos] entender que a extrema-direita e o neofascismo necessitam ocupar o governo para avançar com o seu projeto de disputa, portanto a disputa segue permanentemente. Por isso, estamos disputando a cada dia a relação de forças e o futuro do Brasil e do com a extrema-direita”, explicou em referência às eleições desse ano.

Já o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamoto, questionou: “Como vamos avançar? Avançar de uma forma que não tenha retrocessos, avançar de uma forma que a gente amplie a consciência política da classe trabalhadora para impedir golpes como o que a Dilma sofreu, a prisão de Lula e tantas outras coisas.”

Depois o presidente da Fundação Lauro Campos e (do PSOL), Josué Medeiros, destacou que é preciso ir além das eleições na disputa ideológica.

“Sabemos que não vamos derrotar a extrema-direita somente com vitórias eleitorais. Precisamos aumentar a nossa capacidade de mobilização para enfrentar nas ruas e nas redes a extrema-direita que não vai parar de nos enfrentar”, alertou Medeiros que ainda disse que a militância está animada para construir o crescimento eleitoral este ano nas eleições municipais, mas para isso é necessário aumentar a capacidade de mobilização.

Ainda participou Daiane Araújo, da UNE, e os presentes puderam realizar suas considerações.

Plano para lutas populares

Antes de as propostas serem defendidas pelos movimentos presentes assim como a organização para o calendário oficial de lutas que ainda deverá ser alvo de novo debate após as deliberações dessa segunda-feira serem levadas para discussões setoriais, o integrante da direção nacional do MST, João Pedro Stedile, ressaltou a relevância do retorno de comitês populares nas periferias e a necessidade de que a luta travada envolva as massas e que seja unitária e nacional.

“É necessário fazer a luta ideológica de forma permanente, porque um dos aspectos da luta de classes hoje é a disputa pela hegemonia e das ideias com a extrema-direita. Mas nós, da esquerda, precisamos levar em conta que esta luta ideológica deve ser com as massas, não basta redes sociais etc. Isto implica a reflexão, precisamos voltar a usar a , a , como forma de fazer o debate ideológico”, explicou ao lado de Rud Rafael da Frente Povo sem Medo.

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Foto: Priscila Ramos/MST
 
Fonte: Portal Vermelho Capa: Priscila Ramos/MST

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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