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Práticas Sustentáveis

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA A EDUCAÇÃO

Práticas sustentáveis para a . Imagine um espaço educacional inteiramente dedicado à ecopedagogia, à construção de um novo olhar, mais holístico e mais global, para a Educação. Um ambiente onde a comunidade escolar possa compartilhar vivências e conhecimento, caminhando por trilhas ecológicas, em contato direto com a natureza.

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Um Centro de Educação Socioambiental totalmente construído com técnicas e práticas sustentáveis, estrategicamente plantado no coração de uma regada pela água cristalina de nascentes preservadas, protegidas e cuidadas.

Este espaço existe, está localizado na chácara de 63 hectares do Sindicato dos Professores (Sinpro), a Chácara do , no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, na Área de Proteção Ambiental (APA) do , na zona de amortecimento da Nacional de Brasília.  “São 3.600 metros quadrados de área de intervenção e 1.400 metros quadrados de área edificada de forma ecologicamente correta”, informa Rosilene Corrêa Lima, diretora do Sinpro.

Planejado para fomentar o de valores ambientalmente sustentáveis, o Centro de Educação Socioambiental, ou Espaço Educador , inaugurado neste 13 de junho, com a presença de Ângela Mendes, filha de Chico Mendes, constitui-se em um fabuloso recurso pedagógico para profissionais da Educação e estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal.

Embora fosse um sonho antigo, os trabalhos voltados para abrir a Chácara para um novo paradigma educacional, que possa oferecer à comunidade escolar ações concretas no campo das práticas de sustentabilidade ecológica, são recentes. “Em 2012, começamos a construção do Espaço Educador Chico Mendes, esse sonho feito realidade em tão pouco tempo”, diz Iolanda Rocha, diretora do Sinpro.

A AGROFLORESTA DA CHÁCARA DO PROFESSOR

A agrofloresta da Chácara do Professor encontra-se permeada por trilhas ecológicas onde, por meio de visitas guiadas entre árvores e espécies nativas devidamente identificadas com pequenas placas, é possível acessar diretamente os conteúdos clássicos – ciências, história, geografia, e também os da popular como, por exemplo, informações sobre a quaresmeira, arbusto abundante na agrofloresta.

A professora e consultora ambiental Alda Ilza, que trabalha no local desde a compra da Chácara, em 1984, explica que “diante de uma quaresmeira (Tibouchina candolleana), as pessoas aprendem que a intensidade da coloração das flores dessa espécie pioneira é responsável pela atração dos polinizadores. E que atrás dos polinizadores vem a mini fauna que deles se alimenta, trazendo em suas fezes ou seus corpos sementes de espécies vegetais que, espalhadas, contribuem para o processo de sucessão natural”.

Na prática, ali se vê como a agrofloresta ajuda a recuperar o solo degradado, favorecendo as plantações, porque vegetais de espécies distintas utilizam diferentes tipos de nutrientes do solo e fornecem matérias orgânicas diversas também. Assim, o que é consumido por uma espécie vegetal é compensado pela outra, numa interação constante, o que permite um maior aproveitamento de todos os componentes do sistema e favorece o equilíbrio ecológico observado hoje na Chácara do Professor.

O ESPAÇO EDUCADOR CHICO MENDES

O projeto consiste na construção de quatro prédios: um espaço central (grande salão para eventos, com área de uso comum, cozinha industrial, refeitório, sanitários com ecossaneamento e salas de administração); um espaço multiuso aberto; um espaço para formação e qualificação; e um sistema de sanitários compostáveis.

Os quatro blocos foram construídos em um sistema que consiste na substituição do tijolo de alvenaria e de todo o sistema estrutural, com técnicas de bioconstrução. As paredes portantes (que suportam carga do telhado) foram feitas em superadobe e taipa de pilão, e as paredes de vedação, em pau-a-pique e cordwood. A estrutura é de madeira de eucalipto, e a base do telhado, construída com bambu, garante ótima ventilação e excelente iluminação natural.

“Esse é o projeto mais ambicioso do Sinpro porque, além de incorporar as principais tecnologias ecológicas disponíveis, constitui uma contribuição não somente para a comunidade escolar, mas para toda a comunidade de Brasília e oxalá do inteiro”, diz Carlos Cirane, diretor do Sinpro.

Publicado originalmente em 8 de junho de 2015

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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