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ABADIÂNIA VELHA: RECANTO ESQUECIDO NO CORAÇÃO DE GOIÁS

ABADIÂNIA VELHA: RECANTO ESQUECIDO NO CORAÇÃO DE GOIÁS

Abadiânia Velha: recanto esquecido no coração de Goiás

Abadiânia, a nova, é uma pequena cidade cortada pela BR-060, localizada entre Goiânia e Brasília, que se tornou conhecida no Brasil e no mundo pelo trabalho espiritual de um médium chamado João de Deus. Mesmo depois da queda de João de Deus, Abadiânia nova segue lá, visível e operante, no caminho de Goiânia. Abadiânia, a velha, quase ninguém conhece.

Por Eduardo Pereira e Zezé Weiss

Nascida no final dos anos 1800, Abadiânia Velha, antes povoado de Posse D`Abadia, foi um local com status de cidade até o ano da graça de 1963, quando políticos goianos entenderam de mudar a sede do município para as margens da BR-060.

Embora tivesse casarões confortáveis para os padrões da época, ao perder suas funções administrativas, a cidade, localizada a apenas 135 Km de Brasília, também perdeu boa parte de seus habitantes e voltou a ser apenas um agradável povoado esquecido no tempo, onde hoje vivem menos de 600 almas, no caminho que liga Abadiânia a Pirenópolis.

O clima agradável, a beleza renitente dos casarões centenários e a prosa sem pressa das pessoas, em sua maioria idosas, que insistem em viver à moda antiga, sem comércio, sem serviços, sem trânsito, sem poluição, fazem de Abadiânia Velha um bom lugar para se conhecer um pouco mais sobre a história de Goiás.

Conheça também Pirenópolis: um encanto de cidade no coração de Goiás

Pirenópolis é um verdadeiro encanto no coração do Brasil, uma cidade que combina história, culturav vibrante e belezas naturais impressionantes. Localvizada a apenas 127 km de Goiânia e 150 km de s, essa joia de Goiás é uma opção perfeita para quem busca um refúgio nos finais de semana. Com suas charmosas casinhas coloridas e ruas calçadas, Pirenópolis oferece uma atmosfera pacata e acolhedora, ideal para quem deseja escapar da correria das grandes cidades.

Uma Viagem no Tempo: O Charme Colonial de Pirenópolis

Ao visitar Pirenópolis, você será imediatamente cativado pelo seu charme colonial. As ruas de paralelepípedos e as construções históricas preservadas oferecem uma imersão completa na história do Brasil. A cidade, fundada no século XVIII, ainda mantém o caráter de uma típica vila goiana, com suas casas coloridas e janelas adornadas, onde é possível sentir o calor da hospitalidade local.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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