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SERIEMA: UMA AVE QUE SABE VOAR, MAS PREFERE CORRER

SERIEMA: UMA AVE QUE SABE VOAR, MAS PREFERE CORRER

Seriema: Uma ave que sabe voar, mas prefere correr
 
A seriema é  uma ave que pode voar, mas prefere correr. Atinge até 50 km de velocidade e só levanta voo se se sentir pressionada. O canto é bem marcante e alto. Quando a ouço, mesmo ao longe, sou tomada por uma alegria quase infantil. Amo. 
 
Por Simone Caldas
 
SERIEMA: UMA AVE QUE SABE VOAR, MAS PREFERE CORRER
Seriema –  Cariama cristata –  Red-legged Seriema. Foto: Simone Caldas
 
“Simone Caldas, além de jornalista, é fotógrafa “das mió”, como dizia o camarada Jaime Sautchuk. Em geral, Simone publica suas lindezas no Facebook. A desta semana é essa lindeza de seriema, cujas parentas costumam correr, serelepes, aqui pelo meu quintal.  Simone registra também a exuberância de outras aves, pássaros e passarinhos. Vale a pena dar uma zoiada na página da Simone Caldas no Face, sempre tem novidades belíssimas.” Zezé Weiss – Editora da Revista Xapuri.   
A seriema é uma ave cariamiforme da família Cariamidae. Conhecida também como sariema (Ceará) e seriema-de-pé-vermelho.
O nome seriema deriva das palavras em “çaria” (= crista) + “am” (= levantada). Ave símbolo do Estado de .
Ave típica dos  do Brasil, a seriema possui porte imponente e cauda longa.
A seriema inspirou diversas canções pelos rincões do Brasil. Exemplo bastante típico é este trecho da canção Seriema de autoria de Nhô Pai e Mario Zan, gravada por vários artistas sertanejos:

Oh, seriema de Mato Grosso teu canto triste me faz lembrar
Daqueles tempos que eu viajava, tenho saudade do teu cantar
Maracajú, Ponta Porã, quero voltar ao meu Tupã
Rever os campos que eu conheci, oh seriema eu quero ouvir
[…]

Nome Científico científico significa: Çariama = nome, provavelmente para a ave; e do (latim) cristata, cristatum = crista, crista emplumada. ⇒ Cariama com crista.

Características:  Sua plumagem é cinza-amarelada, com finas riscas escuras: abdômen um pouco mais claro, bico e pernas vermelhos. Tem a crista formada por um tufo de penas longas, com cerca de 12 centímetros.

É uma das poucas aves que possuem pestanas. Atinge uma altura média de 70 centímetros, podendo chegar a 90 centímetros de comprimento e pesar até 1,4 quilo.

O porte dos jovens pode ser igual ao dos adultos e, para diferenciá-los, a cor dos olhos é uma das melhores maneiras. Nos adultos, os olhos são acinzentados; já nos jovens, são amarelados, podendo a cor do bico ser em tom mais escuro.

Vocalização: Seu canto é marcante, um “kie, kié, kie, kie, kie, kie, kie, ke, ke, ke” podendo ser ouvido a mais de 1 quilômetro. Seus gritos, seja de uma ave solitária, seja de um casal em dueto, são altos e longos. Parecem longas risadas, as quais vão acelerando-se e aumentando de tom à medida que a ave repete o canto. Pode permanecer gritando por vários minutos a fio.

Alimentação:  Sua alimentação é semelhante à de um gavião, comendo desde insetos até pequenos vertebrados como roedores, répteis e anfíbios e até outras espécies de aves (Silva, 2020).

Mata as presas com o bico, uma vez que os dedos são relativamente pequenos e sem garras. Desmembra as presas maiores pisando sobre elas e retirando pedaços com o bico poderoso.

Devido ao hábito de comer , é protegida pelos fazendeiros e sitiantes. Pode ficar acostumada à presença humana e frequentar os jardins das casas. Além dos insetos e dos pequenos vertebrados, fazem ainda parte de sua dieta alguns vermes, ovos de outras espécies de aves e frutos.

De manhã, todos os dias
Nasce o sol lindo e dourado
Com seus raios cor de ouro,
Projeta lindos bordados
Nas palmas dos Buritis,
Pelos córregos do Cerrado
Dando a este
Se escuta da Seriema, o lindo canto afinado!
Seriema, teu canto,
É lindo demais!!
Sentimento profundo, lembrança, saudades
Teu canto me trás
Seriema, teu canto, é lindo demais!
Me faz tão feliz!
Recordando momentos
Inesquecíveis que não voltam mais
Tardezinha, quando o sol,
Se esconde atrás da serra,
Aparece o véu da noite,
Para escurecer a !
E a Princesa do Cerrado,
Com seu canto encantador
Abre o bico, ergue a cabeça,
Num ritual de louvor
Agradece a com seu canto
Sua Alteza, agradece ao Criador.
Composição: Josué Faustino. 
 
SERIEMA: UMA AVE QUE SABE VOAR, MAS PREFERE CORRER
Foto: Wikipedia
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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