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A lenda do minhocão

A lenda do minhocão

A lenda do minhocão

“E o Minhocão?

Ah! Isto é sério! Porque existe mesmo, que já vi; de longe, felizmente. É um bicho enorme, preto, meio peixe, meio serpente, que sobe e desce este rio em horas, perseguindo as pessoas e as embarcações; basta uma rabanada para mandar ao fundo uma barca como esta nossa. Às vezes toma a forma de surubim de um tamanho que nunca se viu; noutras, também se diz, vira um pássaro grande, branco, com um pescoço fino e comprido, que nem uma minhoca; e talvez por isso é que se chama o Minhocão.”

J.M. Cardoso de Oliveira – Dois metros e cinco. H. Garnier, editor, 1909. Citado em: Geografia dos Mitos Brasileiros. Luís da Câmara Cascudo, Editora Global, 2000.

A lenda do minhocão

“...Disseram-me que em Corumbá, até havia uma pessoa que vira o Minhocão. Procurei-a. Era um velho italiano, um dos mais velhos moradores da cidade, antigo capitão de navio, reduzido à vida sedentária de administrador de fazendas. Não, disse-me ele, eu não vi o Minhocão, vi o seu rastro. Meu filho, sim, o viu uma vez e correu dele às léguas. Disse-me que era preto e parecia um enorme bote de quilha para cima. O rapaz estava numa canoa no rio Paraguai; encostou-se à terra e correu com todas as forças para casa. Fui ver o lugar e encontrei o seu rastro, na lama e no aguapé. Era uma depressão enorme, um sulco muito largo que só uma embarcação grande poderia ter produzido; e por toda a redondeza só havia canoas e essas mesmo pequenas…” Alípio de Miranda Ribeiro – lenda descrita no artigo “Ao Redor e Através do ”, revista “Kosmos”, número 12, 1908.

Assim se contam os causos do minhocão, essa cobra enorme que, segundo a lenda, aproveita as noites de lua cheia para se abancar debaixo das águas, entre as madeiras das palafitas. Diz ainda a lenda que, em noites de lua cheia o minhocão puxa as pessoas pra debaixo dágua, e, aí, delas suga o sangue até que que caiam mortas dentro do rio.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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