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ALZIRA SORIANO: A PRIMEIRA PREFEITA DO BRASIL

ALZIRA SORIANO: A PRIMEIRA PREFEITA DO BRASIL

ALZIRA SORIANO: A PRIMEIRA PREFEITA DO BRASIL

Mulher decidida, muito inteligente e, segundo os registros históricos, de temperamento forte, Luíza Alzira Teixeira Soriano, uma das mais destacadas líderes norte-rio-grandenses de todos os tempos, tomou posse como prefeita de Lages, no RN, no ano de 1929, tornando-se não somente a primeira prefeita do Brasil, mas de toda a América do Sul.  

Por Zezé Weiss

Em uma época em que a emancipação feminina na política era conquistada em poucos países do mundo, um pequeno estado do Nordeste brasileiro proporcionou, através de sua Constituição, sancionada pelo governador José Augusto Bezerra de Medeiros, o direito à mulher de votar e ser votada. 

Com base na Constituição Estadual de 1891, então vigente, e respaldando-se no argumento de que competiria ao estado-membro legislar sobre direito eleitoral, o artigo 77 da Lei nº 660, de 25/10/1927, determinava: “No Rio Grande do Norte, poderão votar e ser votados, sem distinção de sexo, todos os cidadãos que reunirem condições exigidas por esta lei”. 

Com o apoio do então senador Juvenal Lamartine, grande defensor das causas feministas, houve uma mobilização para inscrever eleitoras e candidatas a cargos eletivos. Surgiram então mulheres ousadas para os padrões culturais da época, com total capacidade para exercer mandatos. Dentre elas estava Alzira Soriano.  

Doutora pela vida, na escola fez apenas o curso básico, Alzira marcou sua administração pelo pioneirismo da gestão feminina e por aspectos inovadores. Uma de suas primeiras ações como prefeita foi convocar intelectuais do estado para formar um quadro de secretários que a ajudasse em projetos de educação, saúde, urbanização e construção de estradas. 

Militante dos movimentos minoritários da época, Alzira participou da carreira política do seu pai, o coronel Miguel Teixeira de Vasconcelos, e acompanhou de perto o trabalho do marido, o promotor Thomaz Soriano de Souza Filho, de quem ficou viúva aos 22 anos de idade. 

A revolução de 1930, que aboliu os cargos de prefeito, retirou-a da prefeitura de Lajes, mas seus líderes lhe propuseram a continuidade na administração, como interventora municipal. Com a dignidade que sempre a caracterizou, Alzira Soriano recusou a oferta. 

Em 1945, segundo dados do livro A Mulher Potiguar – Cinco Séculos de Presença, Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL, Fundação José Augusto, 1999, fonte utilizada nesta matéria, voltou à vida pública, foi eleita vereadora em Lajes por três vezes consecutivas e, liderando a bancada da UDN, tornou-se presidenta da Câmara por mais de uma vez. 

Luiza Alzira Teixeira Soriano nasceu em Jardim de Angicos, RN, em 1896, e faleceu no ano de 1963, na capital do estado, Natal.

ALZIRA SORIANO: A PRIMEIRA PREFEITA DO BRASILZezé Weiss – Jornalista. Editora da Revista Xapuri. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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