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ACERVO PHOTOAMAZÔNICA: A AMAZÔNIA NA FOTOGRAFIA DE LEONIDE PRINCIPE

ACERVO PHOTOAMAZÔNICA: A AMAZÔNIA NA FOTOGRAFIA

ACERVO PHOTOAMAZÔNICA: A AMAZÔNIA NA FOTOGRAFIA DE LEONIDE PRINCIPE

Resultado de mais de 30 anos de fotografia na Amazônia, o Acervo PhotoAmazônica é um dos maiores bancos de imagem da Amazônia, atualmente, abrigado no museu Centro Cultural dos Povos da Amazônia.

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Foto: Acervo Photoamazônica

O Acervo PhotoAmazônica é um banco de imagens da Amazônia, com fotografias analógicas e digitais, que aborda o bioma amazônico, seus ecossistemas e sua sociobiodiversidade. O banco de imagens compreende temas gerais e específicos, tais como: o monitoramento da fauna e da flora amazônica, paisagens, orquídeas da Amazônia, povos da Amazônia, e temas que identificam as particularidades do bioma. 

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Foto: Acervo Photoamazônica

Abrigado no Centro Cultural dos Povos da Amazônia (CCPA), o Projeto Acervo PhotoAmazonica já lançou sua plataforma digital, onde a obra do fotógrafo, Leonide Principe, está reunida em arquivo indexado, com legendas bilíngues, em inglês e português, e informações, como metadados das fotografias e as impressões do fotógrafo.

Vale destacar que o site está apto a interagir com o Sistema Tainacan – Programa Acervo em Rede, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) –, tornando-se acessível a museus, universidades e escolas, em todo o Brasil.

Leonide Principe dedicou mais de trinta anos da sua vida a este vasto registro. O acervo reúne mais de cem mil imagens, que seguem sendo indexadas, para proporcionar acessibilidade ao acervo.

“30 anos de expedições, na região amazônica, propiciaram-me uma experiência única e uma alegre dedicação. A construção desse site e a organização do arquivo são a segunda etapa de uma vida voltada à documentação da Amazônia e procede com a mesma alegre dedicação, levando-me a um profundo mergulho no arquivo analógico e digital (+100.000 fotografias). Espero que essa gratidão se manifeste na adoção útil das imagens, as quais foram produzidas tendo em mente a magnifica beleza dos ecossistemas amazônicos e seus povos”, diz Leonide Principe. Até o momento, um quarto das imagens já foram indexadas e estão disponíveis para o acesso. 

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Foto: Acervo Photoamazônica

O Projeto Acervo PhotoAmazonica permite a estudantes, artistas, educadores, cientistas e artivistas fazerem uso do acervo sem ônus, para atividades não comerciais.

Ou seja, vale a pena conferir e divulgar, para que o máximo de pessoas que atuam nas áreas de educação e cultura no Brasil possam usar permanentemente o acervo, que se configura como um Recurso Educacional Aberto (REA), a partir do sistema de direitos autorais denominado Creative Commons.

Neste momento, além do lançamento do site, o fotógrafo se dedica a organização de uma turnê de exposições no Brasil e no exterior e à publicação do Livro das Orquídeas da Amazônia: uma jornada na copa das árvores, um livro prefaciado pelo poeta Thiago de Mello. “Como a música é a arte do som, a pintura a da cor, a fotografia é a arte da luz”, afirma o poeta.

“Leonide, príncipe da arte fotográfica, nasceu com esse dom. Como eu nasci com o da poesia. Trabalho com as palavras, trato de desvelar o segredo que elas guardam, como Principe, com o olho atrás do retângulo, descobre o milagre da vida de uma flor. Sucede que durante a fascinante aventura que ele viveu, lá nas alturas das frondes, decidiu anotar os memoráveis momentos de puro encanto: penetrou no reino das palavras”, diz Thiago de Mello, em depoimento no livro, volume a ser publicado em breve pelo fotógrafo.

No Brasil, Principe já realizou exposições no Museu da América Latina, em São Paulo, no Palácio do Governo, no Amazonas, no Centro Cultural Povos da Amazônia, na Cúpula dos Países Pan-Amazônicos, em Belém, e no Senado Federal, em 2023.

Dentre os livros já publicados pelo fotógrafo, estão: Amazônia: cores e sentimentos, Emoções amazônicas: guia fotográfico-sentimental dos ecossistemas amazônicos e Torres do Ariaú: gerador de emoções, direcionado e comprometido com o sentimento regional

Participou de coletâneas, como: Amazônia: o mundo das águas, com os fotógrafos Carolina De Riva, Valdemir Cunha, Marcelo Lourenço, Fábio Colombini, Walter Craveiro, Fábio Knoll, Eugênio Novaes, entre outros; e Brasil das Artes, com Pedro Martinelli, Aristides Alves, Felipe Goifman, Leopoldo Plentz, Loren Mcintyre e Miguel Aun.

LEONIDE PRINCIPE

Leonide Principe, o ítalo-francês premiado internacionalmente por seu trabalho na Amazônia, nasceu na França, em 1951. É fotógrafo, marinheiro e escalador de árvores. Estudou na Faculdade de Arquitetura de Florença, na Itália. Em 1981, cruzou o Atlântico num veleiro, navegou as costas da América Latina e Caribe e, em 1989, foi à Amazônia, a serviço da agência fotográfica Sipa Press, de Paris. Decidiu, então, se estabelecer na maior floresta do planeta, para participar de expedições científicas, escalar as gigantescas árvores e construir um banco de imagens da região, denominado Acervo PhotoAmazonica. Seu propósito principal, durante os mais de 30 anos de Amazônia, sempre foi o trabalho de campo, colocando em segundo plano a divulgação do seu trabalho. Apesar disso, publicou vários livros, cartões postais, enviou fotografias às principais revistas de natureza, nacionais e internacionais, como: Terra, VSD, Revista Geográfica, Geo, Natura Oggi, entre outras.

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Foto: Acervo Photoamazônica

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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