UM SALVE PARA PRETA GIL!

UM SALVE PARA PRETA GIL!

Um grande salve para a cantora, atriz, apresentadora e empresária Preta Maria Gadelha Gil Moreira, acima de tudo uma guerreira que, em seu meio século de vida, insiste em resistir contra o câncer que, desde 2023, assola seu corpo, mas prova-se incapaz de dominar seu espírito de mulher de luta. 

Foto: Instagram/Reprodução

Preta, carioca de raiz baiana, que virou também Maria por conta da implicância de um tabelião que não permitiu ao seu pai, Gilberto Gil, registrá-la como Preta, conta ela mesma como isso ocorreu: 

Eu nasci no Rio de Janeiro, sou carioca, no dia 8 de agosto de 1974. Foi o máximo, essa história todo mundo conta na família, porque o meu pai foi ao cartório me registrar, com a minha avó materna, a vó Wangry, minha avó branca, que é mãe da minha mãe. Chegando lá o tabelião falou: “Você não vai poder registrar o nome de sua filha de Preta”. Imagina! Vocês conhecem meu pai, sabem que ele gosta de falar e já começou a fazer discurso. “Mas por quê? Existem Biancas, Brancas, Claras, Rosas e não pode ter Preta?” E o tabelião disse: “Tudo bem, você vai botar Preta, mas só se botar um nome católico junto.” Então eu me chamo Preta Maria por conta do tabelião e pela Mãe Divina.

O câncer tem causado a Preta Maria muitos perrengues de saúde. Desde janeiro de 2023, quando foi diagnosticada com um câncer no intestino, foi submetida a vários tratamentos, várias internações e várias cirurgias, estando, no momento de fechamento desta edição da Revista Xapuri (10 de junho), em tratamento nos Estados Unidos.

Para Preta, nossa fé, nossa esperança, nosso carinho, sempre. De toda a nossa equipe aqui na Revista Xapuri: #TeimaPreta! 

UM SALVE PARA PRETA GIL!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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