CAATINGAS E CERRADOS
As caatingas penetravam por numerosos compartimentos interiores dos atuais planaltos intertropicais brasileiros, em áreas hoje dotadas de cerrados ou matas. Cerrados e cerradões, assim como tipos de vegetação a eles associados, tiveram amplas penetrações pela Amazônia oriental e central, talvez se conectando com áreas similares, hoje reduzidas, do Roraima-Guianense e dos Lhanos do Orinoco
Por Altair Sales Barbosa
Somente o domínio dos Cerrados, nos altiplanos centrais, resistiu parcialmente à expansão dos climas secos, cedendo espaço às caatingas, nas depressões periféricas e interplanálticas (depressão entre os chapadões do Urucuia e o planalto do centro de Goiás, áreas deprimidas ao norte de Brasília e Anápolis, pediplano cuiabano, pediplano do Alto Araguaia, depressões monoclinais intrachapadões).
Com isso, uma faixa intermediária de caatinga restou intercalada entre os remanescentes principais dos Cerrados da área nuclear e a faixa sul e oriental da Amazônia.
O geomorfologista Aziz Ab´Saber acredita terem existido duas grandes áreas core de Cerrado. A primeira, representada por um macroenclave no alto dos chapadões do Brasil Central. Este macroenclave permanecia ilhado entre Goiás e Mato Grosso, tendo por entorno uma complexa rede de paisagens, onde ocorriam caatingas (norte, leste, oeste) e estepes e prados (sul e sudeste); no entremeio apareciam raríssimos refúgios florestais do tipo orográfico.
A segunda área core de Cerrados teve grande presença nos tabuleiros e baixos chapadões amazônicos, convivendo com grandes manchas de matas de galerias e múltiplos enclaves de vegetação subxerófila, provavelmente caatingas.
Altair Sales Barbosa (qualificação habitual), em Andarilhos da Claridade – os primeiros habitantes do Cerrado. Universidade Católica de Goiás, 2002.