Reciclagem, Embalagens e Economia Circular

A questão das embalagens no âmbito da circular – 

Por:  Elcio Herbst 

Um dos pontos da economia circular diz respeito à maximização da reutilização e reciclagem de recursos, permitindo menores custos de produção comparados à processos que utilizem somente matéria prima virgem.

O Objetivo de nº 12 (ODS) busca assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis e dentre suas metas, cabe ressaltar algumas que envolvem, de maneira mais direta, os produtos e suas embalagens na visão da economia circular:

Ø  Até 2030 – Reduzir pela metade o desperdício e perdas de , e reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reutilização.

Ø  Até 2020 – Alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos;

Segundo estudos da Fundação Ellen MacArthur, apenas 14% das embalagens plásticas produzidas em todo o mundo são recicladas atualmente.

A princípio, é necessário destacar a necessidade da embalagem. Elas não existem por si só, mas são indispensáveis para a garantia da qualidade e segurança dos produtos para a . As embalagens não podem ser totalmente evitadas, mas podem ser bem planejadas e estudadas, buscando diminuir os impactos ambientais negativos de sua geração.

Como as empresas podem se envolver de forma mais efetiva com o tema?

A necessidade de as empresas migrarem para um sistema que resulte em uma melhor performance econômica e socioambiental é premente, em especial diante da atual conjuntura econômica que vive o país e o mundo.

Muitas empresas já vêm aplicando um modelo de economia mais circular, contemplando desde a pesquisa e o de suas embalagens, levando evidentemente em consideração o cumprimento de suas funções e normativas existentes, além de permitir redução de desperdícios e perdas de produtos, bem como maximizar as possibilidades de aproveitamento de suas embalagens pós-consumo, destacando:

Ø  Redução da quantidade de insumos necessários para produção de embalagens;

Ø  Participar efetivamente dos programas de logística reversa de embalagens e/ou de seus produtos;

Ø  Ampliar a utilização de matéria-prima reciclada na composição de suas embalagens;

Ø  Maximizar o uso de embalagens retornáveis;

No que diz respeito às embalagens secundárias, as ações são mais simples e podem envolver principalmente a prática de sistemas reutilizáveis, a exemplo caixas de madeira, caixas plásticas, entre outros, que permitam prolongar sua útil.

A análise do ciclo de vida dos produtos e embalagens deve estar sempre presente no setor de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) das empresas, priorizando elementos 100% reaproveitáveis, que possam e devam retornar ao ciclo industrial, adotando um design mais sustentável.

A utilização de novos materiais na composição das embalagens, que auferem redução no peso e volume, traz ganhos ambientais com a menor utilização de matérias primas, na redução da geração de resíduos e também contribuem para uma menor pegada ecológica. As emissões de são reduzidas e, com isso, corroboram também para ações de mitigação no âmbito das mudanças climáticas, promovendo uma “pegada de carbono” ainda menor.

Desafios

As embalagens de vidro e alumínio já utilizam grande percentual de material reciclado em sua composição (em torno de 60%), enquanto as embalagens plásticas apresentam mais dificuldades para seu aproveitamento.

Cabe ressaltar que um dos principais desafios ainda diz respeito às questões tributárias, que acarretam em custos adicionais sobre as resinas recicladas (pós-consumo).

O desafio por uma economia mais circular é global. Em algumas situações existe ganho ambiental, um exemplo é a substituição de derivados do pelo etanol da cana de açúcar na fabricação de embalagens plásticas, mas por outro lado essa alteração provoca oneração nos custos de produção.

Sabemos que somente 20% dos municípios brasileiros dispõem de coleta seletiva, o que dificulta o retorno das embalagens e a logística reversa propriamente dita.

A maior parte das embalagens é recolhida e triada pelos catadores, os quais representam mais de um milhão, atuando de forma individual, em todo o país e aproximadamente mil cooperativas de catadores organizadas, sendo um grande desafio a formalização e a estruturação deste setor. Neste aspecto, ações de implantação da logística reversa vêm auxiliando tanto na infraestrutura de equipamentos, quanto na capacitação dos catadores, permitindo a profissionalização dos mesmos e melhorando os ganhos em produção e qualidade de vida, além da segurança laboral.

As Cooperativas de Catadores não são meras absorvedoras de resíduos, mas representam um elo imprescindível da reciclagem, e devem ser reconhecidas como prestadoras de serviços.

Segundo a fundação Ellen MacArthur, a taxa de recuperação de embalagens plásticas no mundo é de apenas 14%, podendo chegar a 70% caso haja investimentos em centrais de triagem, ampliação de coleta seletiva, aplicação de design sustentável e uso de novos materiais. Cada tonelada de plástico recuperado representa uma injeção de cerca de US$290, o que permitiria movimentar a economia e a geração de renda e .Reciclagem Setor ReciclagemImagem: Setor Reciclagem

ANOTE AÍ:Elcio Herbst Instituto Paranaense de Reciclagem 7 baixa

Elcio Herbst é consultor técnico do Instituto Paranaense de Reciclagem (InPAR), e consultor técnico em negócios do SENAI/PR – IST de e Química.

Matéria gentilmente enviada por Marcela Luz:

marcela.luz@pautasmartcom.net.br

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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