Tem ar que falta. São cinco mortes por dia. No Rio. Cinco pretos…
Por Gisele Gama
São cinco mortes por dia. No Rio. Cinco pretos. Baixas no navio negreiro. Baixas na senzala.
“Vamos tomar sorvete? Tá sol hoje!”
“Olha, morreu a menina Ágatha, baleada no morro”.
“Ah, é! Eu vi. Pena. Se apressa, menina, vai dar praia!”
Tem dor no morro. Tem ar que falta. Tem choro sentido. Mas vai melhorar. Pra amanhã doer mais. Dor no navio negreiro. Dor na senzala.
“Gol do Brasil!”
“Que racismo, nada! A gente tem Pelé. Todo mundo ama”.
“E estar na favela é isso. Já sabe que lá é lugar de traficante. Corre risco porque quer. Se estivesse em casa”…
“Baixas necessárias. É guerra“!
“Vamos parar com esse mimimi”.
“Se não é a polícia que mata, é o bandido. Pelo menos a polícia tá trabalhando”.
“Sempre esse vitimismo. Um saco”.
“Não aguento mais. Vou passar uns meses no Estados Unidos pra espairecer”.
“Bora pra praia? No meu carro ou no seu?”
Cinco mortes. Por dia. No Rio. Luto no navio negreiro. Luto na senzala…
Gisele Gama é escritora, doutora em Língua Portuguesa pela UFRJ, mora em Brasília, é do Rio de Janeiro.
Fonte: Facebook
“Gol do Brasil!”
“Que racismo, nada! A gente tem Pelé. Todo mundo ama”.
“E estar na favela é isso. Já sabe que lá é lugar de traficante. Corre risco porque quer. Se estivesse em casa”…
“Baixas necessárias. É guerra“!
“Vamos parar com esse mimimi”.
“Se não é a polícia que mata, é o bandido. Pelo menos a polícia tá trabalhando”.
“Sempre esse vitimismo. Um saco”.
“Não aguento mais. Vou passar uns meses no Estados Unidos pra espairecer”.
“Bora pra praia? No meu carro ou no seu?”
Cinco mortes. Por dia. No Rio. Luto no navio negreiro. Luto na senzala…
Gisele Gama é escritora, doutora em Língua Portuguesa pela UFRJ, mora em Brasília, é do Rio de Janeiro.
Fonte: Facebook
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