A Lágrima de um Caeté (Fragmento)
Era da natureza filho altivo,
Tão simples como ela, nela achando
Toda a sua riqueza, o seu bem todo…
O bravo, o destemido, o grão selvagem,
O brasileiro era… – era um Caeté!
Era um Caeté, que vagava
Na terra que Deus lhe deu,
Onde Pátria, esposa e filhos
Ele embale defendeu!…
É este… pensava ele,
O meu rio mais querido;
Aqui tenho às margens suas
Doces prazeres fruído…
Aqui, mais tarde trazendo
Na alma triste, acerba dor,
Vim chorar as praias minhas
Na posse de usurpador!
Que de invadi-las
Não satisfeito,
Vinha nas matas
Ferir-me o peito!
Ferros nos trouxe,
Fogo, trovões,
E de cristãos
Os corações
E sobre nós
Tudo lançou!
De nossa terra
Nos despojou!
Tudo roubou-nos,
Esse tirano,
Que povo diz-se
Livre e humano!
Nísia Floresta era o pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, nascida em 1810, na cidade de Papari, Rio Grande do Norte, que atualmente leva seu nome. Nísia é considerada a primeira feminista brasileira e latino-americana, pois foi precursora em diversos campos ligados à emancipação das mulheres. Seu primeiro livro, Direitos das mulheres e injustiças dos homens, publicado em 1832, foi o passo inicial em direção a um caminho sedimentado pela defesa dos direitos das mulheres, indígenas e escravos. Aos 28 anos, abriu a primeira escola para meninas no Brasil, onde ensinava gramática, música, francês e matemática, contrariando as outras instituições que focavam na costura, boas maneiras e cozinha.
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