#Carajas25Anos: Homenagem aos mártires de Eldorado de Carajás

#Carajas25Anos: Homenagem aos  21 mártires de Carajás

#Carajas25Anos: Homenagem aos  21 mártires de Carajás,  trabalhadores rurais brutalmente assassinados pela Polícia Militar do Pará,  em 17 de abril de 1996, quando era  Presidente Fernando Henrique Cardoso e governava o do Pará, o senhor Almir Gabriel (PSDB), já falecido.

Da Página do mst

Não podemos esquecer que as dezenas de soldados e oficiais saíram de seus quartéis de Paraupebas e Marabá, armados de fuzis com munições reais e sem identificação nas fardas, prenunciando o massacre.

Cercaram os caminhantes e impediram a continuidade da marcha que o MST estava fazendo até Belém. Todos eles foram  absolvidos. Alguns morreram assassinados pela violência social. Outros devem estar remoendo o remorso até hoje.

Não podemos esquecer que comandaram a tropa o Coronel Mário Pantoja e o Major José de Oliveira.  Ambos foram condenados a 228 anos de prisão cada. Porém, estão recolhidos a apartamentos privativos de oficiais em algum quartel de Belém.

Não podemos esquecer que consta nos autos processuais, denunciada pelos advogados da Policia Militar, de que a operação militar foi custeada com recursos da mineradora Vale do , que não queria ter marchantes atrapalhando a passagem dos seus lucros.

Não podemos esquecer que há entre as vítimas 69 feridos com sequelas, a maioria impossibilitados para o trabalho agrícola. As viúvas foram indenizadas pela Assembleia Legislativa do Pará e recebem um salário mínimo mensal.

As centenas de famílias que resistiram e sobreviveram estão finalmente assentadas, na área que reivindicavam desapropriação.  Um improdutivo de 50 mil hectares, que o então Presidente do Incra, Francisco Graziano, considerava  produtivo.

Agora, se transformou no assentamento 17 de abril. Sua agrovila, progressista, se transformou em distrito do município de Eldorado de Carajás. Além de viverem muito bem, e só a produção de leite atingem mais de 30 mil litros diários para abastecer a população da região. Há até uma biblioteca com o nome José Saramago, em agradecimento ao seu depoimento solidário.

Por isso, as dezenas de organizações campesinas de todo mundo, da Via Campesina Internacional, reunidas na 2° Conferencia Mundial em abril de 1996, no México, instituíram o dia 17 de abril como o Dia Mundial de Luta Camponesa.

A brasileira reagiu indignada. O MST fez entre março e abril de 1997 uma longa marcha de 1500 km até , para exigir justiça. A cidade parou e fomos recebidos por milhares de trabalhadores.

Envergonhado por sua responsabilidade indireta, em novembro de 2002, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou o projeto de iniciativa da então senadora Marina Silva, que decretou 17 de abril como o Dia Nacional de Luta pela .

Queremos denunciar e lembrar os fatos, através da de Pedro Tierra, escrita em homenagem aos mártires, logo após o ocorrido.

Nota da Redação: Matéria publicada originalmente na página do mst, em 17 de abril de 2014.  Pela força da homenagem e para que nunca mais aconteça, reproduzimos a publicação em 17 de abril de 2021, já que, do ponto de vista de se fazer justiça, de lá pra cá nada mudou.

A Pedagogia dos Aços

Por Pedro Tierra

Candelária,

Carandirú,

Corumbiara,

Eldorado dos Carajas …

A pedagogia do aços

golpeia no corpo

essa atroz geografia …

Há cem anos

Canudos,

Contestado

Caldeirão …

A pedagogia dos aços

golpeia no corpo

essa atroz geografia …

Há uma nação de homens

excluídos da nação.

Há uma nação de homens

excluídos da vida.

Há uma nação de homens

calados,

excluídos de toda palavra.

Há uma nação de homens

combatendo depois das cercas.

Há uma nação de homens

sem rosto,

soterrado na lama,

sem nome

soterrado pelo silêncio.

Eles rondam o arame

das cercas

alumiados pela fogueira

dos acampamentos.

Eles rondam o muro das leis

e ataram no peito

uma bomba que pulsa:

o sonho da livre.

O sonho vale uma vida?

Não sei. Mas aprendi

da escassa vida que gastei:

a morte não sonha.

A vida vale tão pouco

do lado de fora da cerca …

A terra vale um sonho?

A terra vale infinitas

reservas de crueldade,

do lado de dentro da cerca.

Hoje, o silêncio

pesa como os olhos de uma criança

depois da fuzilaria.

Candelária,

Carandirú,

Corumbiara,

Eldorado dos Carajás não cabem

na frágil vasilha das palavras ..

Se calarmos,

as pedras gritarão …

 

Brasília,

25/04/96


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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