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Pará: Ataque a acampamento do MST é denunciado por Comitê de Defensores de Direitos Humanos

Comitê de Defensores de denuncia ataque em acampamento sem-, no Pará

Os relatos das/os /as conta que, por volta da uma da manhã, os pistoleiros chegaram atirando e tocando nos pertences e carros que estavam no acampamento. Ataque foi no Acampamento Hugo Chavéz, Marabá/PA.

sem terra
Foto: MST

POR ASCOM CIMI

Em nota divulgada hoje, Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) denunciou o ataque na madrugada deste dia 28, a 450 famílias que ocupam a fazenda Santa Tereza, em Marabá (PA). Segundo , as famílias foram violentamente atacadas por pistoleiros e policiais. Os relatos das/os trabalhadores/as conta que, por volta da uma da manhã, os pistoleiros chegaram atirando e tocando fogo nos pertences e carros que estavam no acampamento.

“Trabalhadores foram espancados. As famílias sem-terra relatam momentos de pânico e terror!”

O CBDDH cobra urgência dos mecanismos de proteção aos direitos humanos para garantir e investigar os crimes cometidos no acampamento.

O repudia, ainda, a incitação de violência em discurso realizado neste mês, no Pará, por Jair Bolsonaro. O deputado manifestou apoio a chacina dos 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás.

Leia a nota:

 

NOTA EM REPÚDIO À VIOLÊNCIA E EM ÀS TRABALHADORAS/ES SEM TERRA DO ACAMPAMENTO HUGO CHAVÉZ, NO PARÁ

O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), rede composta por organizações e movimentos populares, vem a público manifestar repúdio à violência sofrida pelas famílias sem-terra do Acampamento Hugo Chavéz, localizado em Marabá/PA.

O Comitê recebeu notícia de que, nesta madrugada, 28 de julho, as 450 famílias que ocupam a fazenda Santa Tereza, foram violentamente atacadas por pistoleiros e policiais. Segundo relatos das/os trabalhadores/as, por volta da uma da manhã, os pistoleiros chegaram atirando e tocando fogo nos pertences e carros que estavam no acampamento. Trabalhadores foram espancados. As famílias sem-terra relatam momentos de pânico e terror!

De acordo com notícia veiculada esta manhã, “o movimento procurou a Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) de Marabá para denunciar e intervir no conflito. “Eles disseram que havia ordem de comando superior de que não poderiam agir, mesmo que houvesse uma carnificina”. Há suspeitas de que policiais também tenham participado da ação”.

As organizações que se reúnem no Comitê reiteram sua preocupação com o acirramento da violência contra defensoras/as de direitos humanos na região. Repudiamos atitudes como a do presidenciável Jair Bolsonaro, que em discurso realizado neste mês no Pará, manifestou apoio à ação criminosa dos policiais responsáveis pela chacina dos 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás.

O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos encaminhará a presente Nota Pública aos espaços e mecanismos de proteção aos direitos humanos para reivindicar providências urgentes para garantir a segurança e a vida dos/as trabalhadores/as rurais e investigar os crimes cometidos contra os/as acampados/as.

Sobre o contexto, veja notícia veiculada pelo de Fato:

“A Fazenda Santa Tereza foi reocupada na madrugada desta sexta-feira (27) por 450 famílias ligadas ao MST. De acordo com o movimento, a fazenda foi grilada (registrada de forma fraudulenta) pelo latifundiário Rafael Saldanha de Camargo, fazendeiro influente na região e um dos suspeitos, segundo o Ministério Público, pelo assassinato dos líderes sem-terra Doutor e Fusquinha, há mais de 20 anos.

A fazenda Santa Tereza foi ocupado em junho de 2014. Ainda segundo o MST, a fazenda é, na , uma área pública e Rafael também é acusado de cometer crimes ambientais. Apesar disso, as famílias dos sem terra foram despejadas em dezembro de 2017 pela vara agrária de Marabá.”

ANOTE AÍ

Fonte: CIMI

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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