RIO AMAZONAS: ÁGUAS, NOMES E MISTÉRIOS

RIO AMAZONAS: ÁGUAS, NOMES E MISTÉRIOS

Rio Amazonas: Águas, Nomes e Mistérios

Amazonas. De todos os rios do mundo é o mais extenso. São mais de seis mil quilômetros. É também o mais caudaloso, o de maior volume de água. É um rio que sabe por onde vai e donde vem. Vem do fio de água que desde do lago Lauri, Lauricocha, na cabeça dos Andes.

Por Thiago de Mello

rio amazonas free pick

Foto: Free Pick 

Ele desce do vilcanota e vai tomando corpo no Urubamba, um riozino que canta de noite nas suas margens muradas pelas mãos dos Incas.

Águas de barro, ele ganha no Ucayali; logo se engrossa no longo Maranõn, para abrir-se no caudal do Solimões, estendendo os incontáveis braços sinuosos pela selva peruana, mas já aprofundando a sua calha principal, para entrar no Brasil como mesmo nome, entre as árvores que vai arrancando das margens ao fragor das barrancos que se despencam.

Bem pertinho de Manaus, capital do estado que tem o mesmo nome do rio, é que ele passa a ser chamado Amazonas.

A partir do lugar (dizem que ali a Iara aparece) onde se juntam as águas barrentas do Solimões com as brilhantes e pretas do Negro, é o chamado encontro das águas, que atrai turista do mundo inteiro para contemplar o mistério: as duas águas não se misturam, são como azeite e vinagre.

Só que o Amazonas continua com a cor barrenta do Solimões, levando ímpetos e os rebojos do Negro.

__ Por que não se misturam? perguntei um dia ao sábio e querido caboclo Jari Botelho.

__ Os dois rios não se misturam porque são muito orgulhosos já demais.

O estado do Amazonas, espaço geográfico da nossa crônica, faz parte da Amazônia brasileira, também chamada Amazônia Legal, que abrange nove estados: Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Goiás, Mato Grosso e Maranhão.

Rio amazonas uol

Foto: UOL

Já a nossa Amazônia se inclui na Pan-Amazônia, que cobre de verde parte dos territórios da Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guianas. 

São quase oito milhões de quilômetros quadrados de florestas e rios, com as suas borboletas, pirilampos, multidão de ´pássaros, milhares de peixes (estão classificadas mais de três mil espécies), orquídeas, cobras grandes e pequenas, coloridas e venenosas, bromélias rubras, árvores altíssimas centenárias, samambaias rasteirinhas, flores aquáticas lilases, campinas que cantam no vento, tudo recoberto pelo silêncio que desce das estrelas enormes.

Thiago de Mello – Poeta maior do Brasil e da Amazônia, em “Amazonas: Águas, Pássaros, Sereias e Milagres”, Editora Salamandra, 1998. Título original do texto: Os números (página 12). Foto de capa: UOL. 

Rio Amazonas Adventure Club 1

Foto: Adventure Club

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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