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Uma Revista pra Chamar de Nossa

Uma Revista pra Chamar de Nossa

Homenagem da equipe Xapuri a Jaime Sautchuk, nosso editor e mestre, encantado em 14 de julho de 2021, vítima de uma parada cardíaca.

De nóis tudo, Jaime, aqui na Xapuri:

 Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.  Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, tipo voluntário. 

Jaime propôs um jornal, eu uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta). Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, praticamente em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, de grátis. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial. Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos últimos meses, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro.

O resto é história. Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensamente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrenta. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Zezé Weiss


Foi-se o Jaimim. De repente, na fria tarde de 14 de julho, ele viajou pra outras bandas. Pudesse falar ali, naquela hora, por certo teria dito: bora lá!

Nossa história começou em novembro de 2014, quando em minha casa ele chegou com a Zezé Weiss, já com a primeira edição da revista Xapuri prontinha, em busca de uma revisora. Ali mesmo aderi voluntariamente ao projeto, e dali por diante seguimos tocando a Xapuri, sem apartação.

Logo vi, pra além do nome importante, o camarada que se irmana com tanta gente que sofre, o idealizador que bota a arte a serviço da gente toda, o guerreiro que se posta à frente nas batalhas em defesa do Cerrado, da Amazônia e do meio ambiente, o gigante na luta pela justiça social e pelos direitos humanos, o amigo terno e sempre presente.

Oitenta e dois meses depois, não sei direito ainda como tocar isso, como fazer sem o seu texto, sem aquela pegada de humor tão sagaz, sem a nova informação, o novo questionamento, sempre presentes no seu texto escorreito, de linguagem fácil, como um pão que se reparte para dar a melhor parte. Não sei ainda como abrir a boneca da Xapuri sem a matéria de capa dele para a costumeira revisão inócua que, também por isso, me fez aprender tanto. Mas seguiremos carcando porva, e há de ficar tudo direitim.

Salve sempre, CAMARADA!

Lúcia Resende


 Gratidão, Jaime! Você nos deixa um grande exemplo de luta e persistência.  Você nos deixa ternura, afeto e saudade.

Agamenon Torres Viana


Cheguei na Xapuri ontem, e aqui encontro você, companheiro imprescindível na defesa do Cerrado e da Amazônia. Camarada incansável na defesa da Democracia. Que privilégio o meu!

Ana Paula Sabino


Companheiro, quantas histórias acumuladas em nossas Lives. Agora, você está no Oceano dos Encantados. Oceano que você nos brindou tão brilhantemente celebrando a década dos oceanos, colocando a Xapuri Socioambiental, a sua filha, no apogeu da conjuntura brasileira.

Andrea Matos


 Você é exemplo pra mim e para as novas gerações do jornalismo. Você combateu o bom combate e agora é luz. Seu legado vive em nós.

Eduardo Meirelles


Jaime, você sempre foi um ser diferenciado neste mundo. Qualquer pessoa que tivesse uma terra incrível, uma área com um rio todo azul e cascatas belíssimas, certamente teria vendido e ficado milionário. Você, Jaime, não. Você optou por viver de forma humilde, transformando todo aquele paraíso em uma incrível reserva ecológica, mantendo quase 500 hectares de Cerrado nativo na sua forma mais plena. Você, Jaime, não era bobo não. Você sabia o que é ser rico de verdade!

Eduardo Pereira


Jaime, você foi dez!

Iêda Leal


Jaime, penso em você e nos versos de Cora Coralina: “Nada do que fazemos é importante se não tocarmos o coração das pessoas”. Você não imagina como tocou nossos corações!

Iolanda Rocha 


Poxa, Jaime, toda vez que eu ligava, você dizia que tava tudireitim, mesmo quando andava internado nas UTIs da vida. Dessa vez, eu achei que ia ser igual, que do nada ia chegar a matéria de capa da X82 e que você ia ligar para saber se ia rolar uma Live… Jaime, querido, você nos deixou sem chão!

Janaina Faustino


Jaime, sua partida me deixou muito triste. Não somente por seus muitos livros e artigos, ou por seus escritos na Revista Xapuri, que eu lia todo mês, mas principalmente porque perco um amigo gentil e bom de prosa.

Joseph Weiss


Jaime, em sua homenagem, plantei no meu quintal um abacateiro!

Lucélia Santos


Um escritor que sempre soube a força da palavra, e as usou em seu texto simples e arguto. Perdemos um pouco da memória dos fatos e um grande parceiro de resistência e luta.

Thaís Maria Pires


Salve! Taí a Revista Xapuri, edição 82, em homenagem ao Jaime Sautchuk, prontinha pra você! Gostando, por favor curta, comente, compartilhe. Boa leitura !

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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