Tubarão-Serpente

TUBARÃO-SERPENTE: UM “DINOSSAURO” DE 80 MILHÕES DE ANOS

O Tubarão-Serpente: Uma Relíquia Pré-Histórica nas Profundezas do

O vasto e misterioso mundo dos oceanos continua a surpreender a humanidade com suas revelações. Mesmo com os avanços tecnológicos e científicos que possibilitam a exploração marinha, estima-se que cerca de 95% dos oceanos permanecem inexplorados. Este fato abre um leque infinito de possibilidades para descobertas fascinantes, e entre elas está o recente encontro com uma criatura que parece ter saído diretamente das páginas de um livro de história natural: o tubarão-serpente, uma espécie que data de aproximadamente 80 milhões de anos e que ainda habita as águas profundas do planeta.

Uma Criatura do Passado

O tubarão-serpente, cientificamente conhecido como Chlamydoselachus anguineus, é um verdadeiro sobrevivente das eras. Com uma história evolutiva que remonta ao período Cretáceo, quando os dinossauros ainda dominavam a , este tubarão é um dos poucos exemplares vivos de uma linhagem que praticamente não mudou ao longo de milhões de anos. Sua ao passar do tempo o torna uma espécie de “fóssil vivo”, um termo usado para descrever espécies que mantiveram características físicas e comportamentais de eras geológicas passadas.

Diferente de seus contemporâneos extintos, como o famoso Tyrannosaurus Rex ou o Triceratops, o tubarão-serpente conseguiu sobreviver às extinções em massa que marcaram o fim dos dinossauros. Como ele conseguiu essa façanha é ainda um mistério para os cientistas, o que só contribui para a aura enigmática que cerca essa criatura.

Aparência e Comportamento

O nome “tubarão-serpente” deriva de sua aparência física peculiar. Com uma cabeça que lembra a de uma serpente, este tubarão apresenta um corpo alongado, medindo cerca de 1,90 metros de comprimento, o que lhe confere uma silhueta serpentina. Uma das características mais impressionantes dessa espécie são seus 300 dentes afiados, organizados em 25 fileiras. Esses dentes, longos e finos, são perfeitamente adaptados para agarrar e prender suas presas, que incluem e outras criaturas marinhas.

O tubarão-serpente é um habitante das profundezas oceânicas, vivendo em regiões que vão desde as costas do Japão até a Nova Zelândia, Austrália e agora, como revelado pela descoberta mais recente, no Oceano Atlântico, ao largo da costa de Portugal. Sua preferência por águas profundas, geralmente abaixo dos 1.200 metros, o mantém longe do contato humano, o que explica por que ele é tão raramente avistado ou capturado.

A Descoberta Recente

A mais recente descoberta do tubarão-serpente foi feita por um grupo de cientistas da União Europeia, que estavam em uma missão de pesquisa no Oceano Atlântico. O objetivo principal da expedição era examinar as profundezas marinhas para desenvolver métodos que pudessem minimizar as capturas indesejadas na pesca comercial, protegendo assim espécies que poderiam ser salvas.

No entanto, para surpresa dos pesquisadores, a expedição resultou na captura de um exemplar de tubarão-serpente, uma das criaturas mais antigas e raras do planeta.

Essa descoberta gerou um grande interesse na comunidade científica, não apenas pela raridade do espécime, mas também pelas implicações que isso tem para a compreensão da evolução e sobrevivência das espécies marinhas. O tubarão-serpente, com sua aparência quase mitológica, é um lembrete de que os oceanos ainda guardam muitos segredos, e que nossa compreensão da marinha está longe de ser completa.

Um Fóssil Vivo

A denominação de “fóssil vivo” não é atribuída de forma leviana. Este tubarão é um dos poucos sobreviventes de uma linhagem que praticamente não mudou ao longo de milhões de anos. Estudos sugerem que essa espécie já habitava os oceanos na época em que os dinossauros ainda caminhavam sobre a Terra, e, de alguma forma, conseguiu escapar das extinções em massa que dizimaram muitas outras formas de vida.

Uma das teorias para a sobrevivência do tubarão-serpente é sua adaptação ao ambiente profundo do oceano, um local menos suscetível às e catástrofes naturais que afetaram as regiões mais próximas da superfície. Além disso, a profundidade em que vive também o protegeu da exploração humana, permitindo que a espécie continuasse a existir em relativo isolamento.

A Aura de Mistério

Apesar de sua longevidade impressionante, o tubarão-serpente permanece uma criatura envolta em mistério. Devido ao seu habitat em águas profundas, onde a luz solar não penetra e as pressões são extremas, ele é raramente visto por seres humanos. Suas aparições são tão esporá que, até recentemente, ele era mais uma lenda do que uma realidade confirmada.

Essa escassez de avistamentos contribui para a percepção de que o tubarão-serpente é uma criatura quase mítica. Em muitas culturas ao redor do mundo, criaturas marinhas de aparência incomum, como o tubarão-serpente, alimentaram de monstros marinhos e serpentes gigantes. Embora essas histórias sejam amplamente consideradas mitos, a descoberta de criaturas como o tubarão-serpente demonstra que, às vezes, a realidade pode ser tão estranha quanto a ficção.

A Importância da Descoberta

A descoberta de um tubarão-serpente vivo nos dias atuais tem grande importância para a , especialmente no campo da biologia evolutiva. Estudar essas espécies pode fornecer insights valiosos sobre como algumas formas de vida conseguiram sobreviver a eventos que causaram a extinção de outras. Além disso, a compreensão de como esses animais se adaptaram a condições extremas pode ter implicações para a exploração de outros ambientes inóspitos, tanto na Terra quanto potencialmente em outros planetas.

Além disso, a presença contínua de espécies como o tubarão-serpente serve como um lembrete da biodiversidade rica e complexa que existe nos oceanos. A preservação dessas espécies é crucial, não apenas por seu valor intrínseco, mas também pelo papel que desempenham nos marinhos. A captura acidental de um tubarão-serpente durante uma expedição científica ressalta a importância de desenvolver métodos de pesca que minimizem o impacto sobre as espécies raras e ameaçadas.

Considerações Finais

A redescoberta do tubarão-serpente nas águas do Atlântico é uma prova de que ainda temos muito a aprender sobre o mundo natural. Esta criatura, que já nadava nos oceanos quando os dinossauros dominavam a terra, continua a nos fascinar e a desafiar nossas percepções sobre a vida na Terra. Enquanto os cientistas continuam a investigar e explorar os oceanos, é provável que outras descobertas igualmente surpreendentes estejam à espera.

O tubarão-serpente, com sua aparência serpentina e dentes afiados, é um lembrete poderoso de que a história da vida na Terra é complexa e cheia de mistérios ainda não revelados.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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