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A Conquista do Brasil  Continental

A Conquista do Brasil  Continental

A Conquista do   Continental

Este texto é excerto  do primeiro capítulo do Caminhos e Descaminhos do Brasil Central, do Robson Eleutério, escritor e nos esclarece como formaram-se os estados do nosso Brasil. Caminhos e Descaminhos no Brasil Central é um importante trabalho em que o autor nos apresenta as sucessivas ocupações populacionais do Planalto Central brasileiro desde a pré-história até a inauguração da atual capital do país. Interessante saber que esta conquista não foi tão pacífica assim…

Por Robson Eleutério

Quando observamos o mapa-múndi, visualizamos um país continental de grandes proporções, que ocupa 48% das terras sul-americanas, destacando-se por seu relevo, fauna, flora, hidrografia, clima e também pela rica cultural de seu povo.

Você já parou para pensar como esse território foi formado e se transformou no imenso Brasil que temos hoje? Ao contrário do que muitos imaginam, esse processo de conquista do território não ocorreu de forma pacífica, ou foi fruto apenas da consciência dos brasileiros que almejavam a separação de Portugal. Muitas lutas aconteceram em boa parte da colônia portuguesa, bem como a assinatura de vários tratados que culminaram com a formação do Estado Nacional, se consolidando a partir da independência do país.

O contexto histórico do século XV foi marcado pelas grandes navegações empreendidas pelos portugueses e espanhóis, cujo resultado foi a conquista de novas terras em várias partes do . Ocupavam terras de populações nativas, consideradas como povos bárbaros, pelo fato de não compartilharem a cultura europeia.

Como forma de evitar disputas acirradas pela posse dessas terras, os reis católicos de Portugal e Espanha recorreram ao papa para que celebrasse um acordo, dividindo o mundo entre os dois países, das terras conquistadas e ainda por descobrir.

Assim, em 1493 foi criada a Bula Inter Coetera(A Bula Inter Coetera foi definida como um tratado em maio de 1493, pelo Papa Alexandre VI, o qual determinava que o “novo mundo” era dividido entre Portugal e Espanha. Estabeleceu-se que as terras situadas até 100léguas a partir das ilhas de Cabo Verde seriam de Portugal, e as que ficassem além dessa linha seriam da Espanha.
Esse documento foi criado pelo papa Alexandre VI, em 1493, denominado de Bula Inter Coetera.), substituída pelo Tratado de Tordesilhas logo noano seguinte, que definia como referência uma linha divisória a 370 léguas (2.200 km) a oeste da ilha de Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde.

Para Miguel Paranhos, esse tratado apresentava a mesma falha que os precedentes, fixando fronteiras artificiais em uma época em que não se contava com os conhecimentos geográficos e astronômicos. Entre os próprios signatários surgiam dúvidas se o meridiano fixado no Extremo Sul passava pela foz do Rio da Prata ou pelo Golfo de São Matias, ambos na Argentina. Dessa forma, os exploradores transpunham os limites da linha divisória sem saber onde a encontrava, pois, no final das contas, o que valia era seus interesses e suas ambições.

Contudo, foi no decorrer do século XVIII que as fronteiras do Brasil ganharam um contorno definitivo. Em um primeiro momento, foram abertos caminhos ultrapassando a linha estipulada pelo Tratado de Tordesilhas e fundando novos povoados. No momento seguinte, isso garantiu aos portugueses a posse de uma imensa área que pertencia à Espanha, se estendendo a oeste até a margem direita do Rio Guaporé na divisa com a Bolívia. Certamente, um momento bastante significativo para a formação do Brasil atual foi a celebração do Tratado de Madri (1750), entre a Coroa Espanhola e a Portuguesa, quando o diplomata Alexandre Gusmão, que
defendia os interesses de Portugal, argumentou o princípio do uti possidetis, isto é, dava posse da terra àqueles que a tivessem ocupado e povoado.

Uma das estratégias de Alexandre de Gusmão para garantir o direito sobre a Amazônia e o oeste brasileiro foi utilizar como objeto de barganha a Colônia do Sacramento. A diplomacia portuguesa considerava a posse da Colônia como algo prioritário, tendo sido alvo de bastantes críticas. Mas Gusmão acompanhava atentamente a evolução econômica do Brasil, vislumbrando a nova realidade geográfica com a posse sobre as terras de Goiás e Mato Grosso e a ocupação do Planalto Central até o Rio Madeira, Jauru e Guaporé. A pecuária do já estava despontando, e ainda havia a de minérios em São Paulo e Paraná e a  vales dos rios Negro, Branco e Japurá, na região Norte.

O território brasileiro praticamente triplicou o seu tamanho. Posteriormente, nessa área incorporada ao Brasil surgiram aos estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, , Rondônia, Roraima e Amapá. Grandes áreas nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Tocantins e Pará também estavam localizadas no território
que, teoricamente, pertencia à Espanha, até a vigência do Tratado de Tordesilhas.
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Robson Eleuterio e1611601458474

Robson Eleutério da Silva– Educador, historiador e escritor. Idealizador do Portal Cerratense e do caminhamentos Missão Cruls. Vice-presidente da Alaneg/RIDE.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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