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A escola pública especializada em ensinar moradores de rua, que fica dentro de um parque no DF

A escola pública especializada em ensinar moradores de rua, que fica dentro de um parque no DF

Oferecer uma oportunidade de recomeço a quem hoje está em situação de rua no Distrito Federal é o grande objetivo da Escola Estadual Meninos e Meninas do Parque.

Por Débora Spitzcovsky/The Green Post

Localizado dentro do Parque da Cidade, na Asa Sul, o colégio tem estrutura física e grade de ensino pensada especialmente para atender à realidade e necessidades das pessoas em situação de rua.

A escola foi fundada em 1995, com a ajuda do Movimento Nacional Meninas e Meninos de Rua,  e já recebeu, inclusive, reconhecimento do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, pelo trabalho que realiza.

Apesar de ter nascido com foco em beneficiar crianças e adolescentes em situação de rua, a escola hoje recebe alunos de todas as idades – que podem se matricular em qualquer momento do ano. Isso porque, apesar de estarem divididos em turmas, os alunos têm acesso a uma metodologia de ensino individualizado, que respeita o ritmo de aprendizagem de cada um.

Além das disciplinas regulares – como Matemática, Português e Ciências -, na grade curricular há oficinas comportamentais e artísticas, que ensinam sobretudo cuidados com o corpo e a mente. O banho e a alimentação, bem como uniforme limpo e material escolar – doado por voluntários -, também são garantidos a todos!

Ao final do curso – que conta com oito etapas de ensino, que vão desde a fase de pré-alfabetização até o 8º ano do Ensino Fundamental -, os alunos recebem diploma de formados e são encaminhados a outras escolas da rede pública para cursar o Ensino Médio.

Segundo a instituição de ensino, nesses mais de 20 anos de atuação, centenas de alunos já deixaram a escola com o certificado de conclusão de curso em mãos e vários planos para o futuro na cabeça.  Por vezes, só o que falta para alguém sair da situação de rua é uma oportunidade…

Débora Spitzcovsky – Jornalista. Fonte: The Green Post. Foto: Arquivo/The Green Post. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade da autora.
 
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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