A Lenda do Diamante

A Lenda do Diamante

Tupã, o deus dos índios, ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes, que se misturaram com a areia do rio. Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio. Seu brilho e pureza recordam as lágrimas de saudade e de amor da índia Potira.

Por Falcão Viana – Adaptada por Xapuri

Em um tempo atrás, na região Centro-Oeste, vivia à beira de um rio uma tribo indígena, e dela fazia parte um casal de índios muito feliz, que a paixão se destacava entre todos os outros casais. Ele, um guerreiro poderoso e valente, chamava-se Itagibá, que significa “braço forte”. Ela, uma jovem e bela moça, tinha o nome de Potira, que significa “flor”.
 
Viviam tranquilamente e felizes, no entanto, a tribo foi atacada e Itagibá precisou partir para a guerra junto com os outros guerreiros. Chegado o grande dia, os índios subiram na canoa e seguiram rio acima.  Itagibá teve que acompanhar os outros guerreiros na guerra contra o inimigo. Ao se despedirem, Potira não deixou cair uma só lágrima, mas seguiu, com o olhar muito triste, o marido que se afastava em sua canoa.
 
Todos os dias, Potira ia para a margem do rio esperar o esposo. Passou-se muito tempo, mas Potira permanecia serena e confiante, com saudades tinha a esperança que logo seu amado chegaria.
 
Quando os guerreiros da tribo regressaram à sua taba, Itagibá não estava entre eles. Potira foi informada que seu marido morreu lutando bravamente. Ao receber essa notícia, a jovem índia se descontrolou a chorar. Passou o resto da vida à beira do rio chorando a morte do seu amor.
 
Tupã, o deus dos índios, ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes, que se misturaram com a areia do rio. Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio. Seu brilho e pureza recordam as lágrimas de saudade e de amor da índia Potira.

Fonte: Sacizal dos Pererês

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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