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A liberdade que mora na Verdade

A que mora na Verdade

Neste texto, o autor faz uma importante reflexão sobre o papel da liberdade na do ser humano e sua capacidade de livre escolha: o reconhecimento das próprias fraquezas tira o homem de suas prisões

A falta da liberdade pesa à vida. Ser tolhido ao que se quer fazer é uma coação exterior. Mas a falta de liberdade está dentro de cada um? Falta a capacidade para assumir ao que se propõe fazer. Concentrar no interior faz a liberdade fluir de dentro, alcança, com isso, a pessoa que experimenta o desejo de ser mais purificada, mais inteligente, mas, contudo, demora chegar ao nível de excelência de ações.

Como estão as indecisões internas faz do exterior se angustiar, sentir confusão a partir das escolhas. Leva a uma prisão das escolhas. Estreita-se nos dilemas inclinados para as angústias.

Quando o dia a dia se pesa, então, a liberdade é forçada a eliminar os seus desejos que aprisionam e leva a este sufocamento. O que pode romper com qualquer peso, angústia, sofrimento é a liberdade de interior. Sentir livre desde dentro aceitando as coisas externas como elas são, excluindo os ideais utópicos: “oxalá! Fosse eu o dono da liberdade de todos os homens para poder saborear o sentir do gozar a vida de cada um”.

A fatalidade não seria acolher a liberdade do outro, antes a energia gasta precisa ser na busca da própria satisfação. Fazer a mesma coisa todos os dias como se fosse a primeira vez. Fazendo a primeira vez como a única vez, e, assim, ter a consciência de que poderia ser a última vez, como por exemplo, este mesmo pensamento é chamado a aplicar na liberdade da celebração da santa missa: “celebrar tão livre que se poderia ter a consciência de ser a primeira vez, a única vez e a última vez”. Mas em tudo que se propõe realizar de forma livre, a raiz do seu comportamento deve seguir seu desejo interior.

O erro continuamente ronda as ações que se propõe fazer. O reconhecimento das próprias fraquezas tira o homem de suas prisões. Assim, derrubar o homem criado por si mesmo e aceitar o homem como realmente és pode alcançar a liberdade que se consegue pela verdade. A missão, neste sentido de cada um, significa gozar da liberdade residida na verdade, a qual pode ser mostrada em gestos de ternura, acolhimento da do profundo de sua e na vivência da vida.

Padre Joacir d’Abadia, filósofo “do viver”.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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