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Como a Má Gestão Urbana

A MÁ GESTÃO URBANA E O DESPREZO PELO BEM PÚBLICO

Como a Má Gestão Urbana e o Desprezo pelo Afetam as Brasileiras

O conceito de bem público no Brasil frequentemente é mal compreendido, levando muitos a tratar o que é de todos como se não pertencesse a ninguém.

Esse equívoco não resulta de falta de ou da população, mas sim de práticas inadequadas do poder público. As ações erradas e a má gestão urbana têm contribuído para a deterioração do que deveria ser um coletivo, agravando problemas visíveis na vida urbana.

Planejamento Urbano no Brasil: Desafios e Oportunidades

O urbano deveria ser o guia para o desenvolvimento equilibrado das cidades. No entanto, no Brasil, mesmo existindo planos de desenvolvimento, muitos não são implementados adequadamente. O excesso de leis e regulamentações, aliado à falta de continuidade nas gestões, impede que as boas intenções se concretizem.

Esse paradoxo é alarmante, já que, apesar de ser uma das maiores economias do mundo, o Brasil enfrenta deficiências básicas em áreas como mobilidade, , e segurança urbana. A e os recursos disponíveis poderiam superar essas dificuldades, mas a falta de aplicação eficaz contribui para a persistência dos problemas.

A Desconexão dos Espaços Públicos e Seus Efeitos

A consequência direta da má gestão urbana é o afastamento das pessoas dos espaços públicos. As ruas das cidades se tornam inseguras, sujas e esteticamente desagradáveis, levando os cidadãos a se desconectar e evitar esses espaços.

O medo e a frustração resultam em isolamento, onde as pessoas preferem se esconder em carros ou frequentar centros comerciais.

Carlos Leite e Juliana Marques, em Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes, destacam como essa situação faz com que as pessoas evitem as ruas, preferindo ambientes fechados.

O Impacto do Comportamento Egoísta nas Ruas

Em Goiânia, por exemplo, o comportamento egoísta dos motoristas ilustra como a má gestão afeta a vida urbana.

A prática de estacionar sob a sombra das árvores nas proximidades dos cruzamentos semaforizados contribui para o congestionamento e aumenta o nas vias.

Essa atitude demonstra falta de respeito pelos espaços públicos e agrava problemas de tráfego, mostrando como o comportamento individual pode impactar negativamente a qualidade de vida urbana.

Privatização dos Espaços Públicos: Um Problema Crescente

A privatização dos espaços públicos por estabelecimentos comerciais é outro exemplo de má gestão urbana.

Bares, restaurantes e galerias frequentemente ocupam áreas das ruas para serviços de manobristas, criando uma sensação de exclusividade que contrasta com a necessidade de acesso democrático aos espaços urbanos.

Esses estabelecimentos delimitam áreas do espaço viário e oferecem serviços de estacionamento, competindo de forma desleal com flanelinhas e promovendo a exclusão social.

Soluções para Melhorar a Gestão Urbana e o Uso dos Espaços Públicos

Para enfrentar esses problemas, é essencial adotar uma abordagem mais integrada para o planejamento e gestão das cidades.

As políticas públicas devem focar na criação de espaços urbanos seguros, limpos e acessíveis a todos. Isso inclui a implementação efetiva dos planos urbanos existentes e a adaptação contínua das estratégias para atender às necessidades da população.

Promover a conscientização sobre a importância do bem público e da participação cidadã é crucial. A educação pública deve enfatizar que o cuidado com o que é coletivo é responsabilidade de todos.

O incentivo à participação comunitária também é fundamental. Projetos de revitalização urbana devem envolver a comunidade local na tomada de decisões e na execução das melhorias.

Além disso, a transparência e a responsabilidade na gestão urbana são essenciais. A continuidade das políticas e a fiscalização eficaz são necessárias para garantir a implementação e manutenção das iniciativas urbanas a longo prazo.

A transformação das cidades brasileiras em lugares mais habitáveis e integradores passa pela mudança de atitudes e pela adoção de práticas de gestão que priorizem o bem coletivo.

A Necessidade de Transformação Urbana

Em resumo, a gestão das cidades brasileiras e o conceito de bem público exigem uma reavaliação profunda e um compromisso renovado com a melhoria dos espaços urbanos.

A transformação das cidades em locais mais habitáveis e inclusivos passa pela mudança de práticas e pela adoção de uma abordagem mais consciente e colaborativa.

Com essas ações, será possível superar os desafios urbanos e construir cidades que verdadeiramente sirvam a todos os seus habitantes.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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